O festival, dedicado ao cinema de temática agrícola, rural e ambiental, promete uma programação diversificada, entre estreias nacionais, debates, exposições e iniciativas educativas.

Como eixo temático, o festival homenageia o cinquentenário da Reforma Agrária com a exibição do filme “A Lei da Terra”, do Grupo Zero, marcado para 15 de março na sessão ‘warm up’ (ciclo preparatório que antecede o festival).

“O tema é os 50 anos da Reforma Agrária em Portugal, e teremos o filme ‘A Lei da Terra’ que foi produzido imediatamente após esse momento histórico. É um filme bastante acessível para contextualizar o que foi esse fenómeno no nosso país e serve como porta de entrada para a nossa programação”, afirma Francisco Noras, co-diretor do festival.

O Grupo Zero Cooperativa de Produção, liderada pelos cineastas por Alberto Seixas Santos e Solveig Nordlund, foi uma das estruturas resultantes da fragmentação do antigo Centro Português de Cinema, após o 25 de Abril.

“A Lei da Terra”, concluído por Nordlund e Seixas Santos em 1977, acompanha o processo da Reforma Agrária no Alentejo “através de uma análise das estruturas sociais e da luta de classes, culminando com a ocupação de terras pelos camponeses e pela tentativa de criação de novas relações laborais e de propriedade”, segundo a sinopse da obra.

Acompanha casos de sabotagem económica, a organização de trabalhadores em sindicatos, cooperativas e unidades coletivas de produção, reivindicações de emprego e salários, e a afirmação da palavra de ordem “A terra a quem a trabalha”.

Os 50 anos da Reforma Agrária serão ainda assinalados com uma mesa-redonda organizada pela Comissão Comemorativa dos 50 Anos do 25 de Abril e uma exposição curada pelo arquivo Ephemera, de José Pacheco Pereira, com o objetivo de transportar o público para o contexto histórico e social da época.

Um dos destaques do festival será a rubrica “Cinema à Mesa”, iniciativa que alia gastronomia e sétima arte, desafiando ‘chefs’ a criarem menus inspirados em curtas-metragens. No âmbito desta iniciativa, será exibido, no Teatro Sá da Bandeira, o filme “Pão”, de Manoel de Oliveira, seguido de dois ‘workshops’ sobre fabrico de pão.

A sessão de encerramento contará com a estreia nacional de “Mulheres”, da realizadora catalã Marta Lallana, filme que, segundo Francisco Noras, demonstra o crescimento internacional que o festival tem tido nos últimos anos.