Entrevista com Nelson Brito: “O PS tornar-se-á maior nas próximas autárquicas”

Candidato a um novo mandato à frente da Federação do PS do Baixo Alentejo, Nelson Brito lembra que os socialistas são maioritários na região, liderando 10 das 14 autarquias. Mas eleva a fasquia: “o PS irá tornar-se maior”. Luís Godinho e Ana Luísa Delgado (texto)

O PS vai a votos nos próximos dias 27 e 28 de setembro, para eleger os presidentes das federações distritais. Mas se em Portalegre e Évora haverá apenas uma lista – lideradas, respetivamente, por Luís Moreira Testa e Luís Dias -, no Baixo Alentejo a disputa será entre Nelson Brito, o atual presidente da Federação, que se recandidata a um novo mandato, e Telma Guerreiro, ex-deputada e secretária técnica do Programa Operacional Alentejo 2030.

Em entrevista à Alentejo Ilustrado, Nelson Brito reconhece que as autárquicas do próximo ano serão o principal desafio, e acredita que o PS poderá fazer “ainda melhor”, mesmo já liderando 10 dos 14 municípios da região.

O novo mandato coincide com as eleições autárquicas, como desafio eleitoral. Quais as prioridades do PS? 

O PS é o partido maioritário em termos autárquicos no Baixo Alentejo, em número de eleitos nos vários órgãos, nas assembleias e juntas de freguesia, assembleias municipais e câmaras. Temos um histórico de grande trabalho nesta região em termos autárquicos, é isso que iremos reafirmar aos nossos munícipes. O PS tem feito um percurso muito forte de compromisso com as suas populações da região, quer continuar a ser essa força hegemónica, mas sem querer o poder por poder, antes porque queremos continuar a fazer bem. E fazer bem é fazer progresso, numa linha de continuidade em dar melhores condições de vida às pessoas que habitam o território, a cada território que compõe este Baixo Alentejo.

Será o momento marcante do próximo ciclo federativo?

O mandato federativo que virá nos próximos tempo será, de facto, muito marcado pelas eleições autárquicas, e é nesse sentido que o PS irá organizar, concelho a concelho, listas e projetos para continuarmos a fazer humildemente aquilo que mais gostamos, servir as populações e dar cada vez mais condições, qualidade de vida e progresso ao somatório destes concelhos que é a região do Baixo Alentejo.

A perda de um deputado nas últimas legislativas dificultará ou não a estratégia eleitoral do PS no que diz respeito às eleições autárquicas? 

São eleições diferentes… o PS no Baixo Alentejo ganhou em todos os concelhos para as legislativas. Não cumprimos o objetivo de manter dois deputados, é um facto. Mas as pessoas, maioritariamente, continuaram a dar uma vitória clara ao PS no Baixo Alentejo e isso aconteceu nessas legislativas, apesar de PS ter perdido as eleições a nível nacional. Não ter alcançado o objetivo de eleger dois deputados não é uma condição direta do trabalho político que fazemos no Baixo Alentejo, é uma visão global em que a região não foi diferente de outras. Aqui, o PS foi o partido mais votado em cada concelho.

O que é que isso traduz?

Que esse histórico tem de ter continuidade, pois há obviamente trabalho a fazer. Em cada projeto autárquico o PS tem tido, e bem, a capacidade de abrir a sua militância a independentes, a gente da sociedade civil, é isso que irá acontecer novamente para formar as listas em cada freguesia, em cada assembleia municipal, em cada câmara… o PS fica maior quando são as eleições autárquicas porque há um movimento de pessoas independentes que se junta aos projetos que apresentamos. Será novamente assim. O PS irá tornar-se maior porque há mais gente, mais pessoas virão e isso fará das eleições autárquicas um momento eleitoral diferente e único.

A que é que se ficou a dever a perda desse lugar no parlamento, que marcou este mandato federativo?

Já lhe respondi com o contexto nacional. Todos nós percebemos que as eleições legislativas têm sempre dois contextos que vão a votos, o nacional e o regional. Houve uma visão nacional que conferiu uma vitória à AD e no Baixo Alentejo não foi diferente, o PS perdeu alguma votação. Aquilo que foi a componente mais direta, diria eu, do trabalho político da região, é termos vencido em todos os concelhos, todos eles deram a vitória ao PS no Baixo Alentejo. 

A existência de duas candidaturas reflete uma divisão interna? 

Não, sobretudo reflete a democracia. O PS é um partido plural, mas não é plural de apregoamento, é plural de facto. Há uma realidade que o PS oferece à democracia em Portugal, é um partido plural e tem essa capacidade de agregar pessoas com diferentes ideias e é isso que está também patente na existência de duas candidaturas no Baixo Alentejo.

[A Alentejo Ilustrado publicará amanhã uma entrevista com a outra candidata à presidência da Federação do PS do Baixo Alentejo]

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