Este foi um ano em que se demonstrou que a apregoada reforma da floresta que o governo do PS diz ter feito, não existiu, porque não passou do papel, tirando os balcões BUPI para se fazer o cadastro rural no centro e norte do país e que, em algumas zonas foram extintos pelo próprio governo que os criou, sem qualquer justificação.
O problema da floresta em Portugal esbarra com a diminuta vontade política de resolver o problema porque se situa no interior do país, em zonas que em termos de votação têm pouca importância para a província lisboeta.
A desertificação do interior e o abandono da agricultura, aliado à pequena propriedade no centro e norte do país, são os ingredientes principais para a existência dos fogos, sendo que a classe política não percebeu que não é com aplicação de multas que se resolve o problema de proprietários sem rendimento florestal.
Como já o escrevi, há que criar políticas públicas para gerar criação de riqueza para a floresta, para que esta se torne uma actividade apetecível que justifique a sua exploração, manutenção e conservação, principalmente quando a dita classe tanto fala em alterações climáticas e defesa do ambiente, mas depois nada fazem.
Manter as florestas é manter o equilíbrio climático, porque estas são responsáveis pela criação de condições que geram precipitação que gera a sua infiltração no solo, bem como a manutenção dos solos agrícolas.
Quando tanto se fala em energias limpas, não criar um valor económico dos sobrantes para serem vendidos, quando Portugal produz por ano dois milhões de toneladas de resíduos florestais e 3,4 milhões de toneladas de resíduos agrícolas é não querer tornar rentável a exploração florestal.
A par deste mercado, Portugal devia bater-se pela criação de um valor económico dos serviços das florestas, que o prestam até hoje de forma gratuita e universal, mormente, na absorção de carbono da atmosfera, gerando rendimento aos proprietários das mesmas, devendo esta ser feita através da sua integração na PAC, uma vez que é preocupação da UE atingir metas de neutralidade carbónica e sendo esta uma política pública, deveria remunerar quem contribui para a sua diminuição.
Tendo a floresta estes dois rendimentos anuais, estes já seriam suficientes para gerar interesse e capacidade financeira aos proprietários florestais para a sua gestão, nomeadamente, na sua limpeza, que atualmente apenas traz mais custos.