Inês Caldeira: “Dar vida ao comércio local”

A opinião de Inês Caldeira, estudante

Realizou-se a campanha eleitoral para a Associação de Estudantes (AE) da Escola Secundária Rainha Santa Isabel de Estremoz. Tal como no ano passado, fiz parte de uma das duas listas candidatas e sou testemunha do enorme trabalho realizado, com poucos meios e recursos, para constituir as listas e tornar possível esta eleição. O mais importante: diverti-me, fiz novos amigos, aprendi coisas novas, participei e fiz parte de um importante momento de democracia na minha escola.

A preparação da candidatura iniciou-se durante as férias de verão. No mês de agosto percorremos durante uma semanas as ruas de Estremoz, procurando donativos junto do comércio local. Nada é de graça e para não pedirmos dinheiro aos nossos pais, para além de rifas que vendemos, recolhemos donativos junto dos comerciantes estremocenses, que com aquilo que lhes foi possível nos deram uma grande ajuda.

Nestes dias em que recolhemos donativos para a lista, tive oportunidade de conhecer muitos dos pequenos comerciantes de Estremoz, de ouvir as suas preocupações, tendo ficado realmente impressionada com a perseverança que todos têm para conseguirem manter os seus negócios. Ganhei um enorme respeito por todos estes homens e mulheres que lutam diariamente por manter as suas portas abertas.

Nas várias conversas que tive com o meu avô fiquei a conhecer um pouco do que era o comércio local em Estremoz antes da vinda das grandes superfícies: quem queria hortaliças ia ao mercado semanal, se quisesse peixe ia à praça do dito, para comprar pão à padaria, sal ou açúcar na mercearia. Existiam também várias lojas onde se compravam os tecidos para depois levar à costureira e fazer roupas novas. E assim percebi que com a chegada das grandes superfícies comerciais tudo mudou e muitas lojas da época encerraram portas.

Com a globalização, com as facilidade de transporte, a subida dos preços das matérias-primas e o aumento das rendas, o comércio local está em risco. Senti nas conversas que tive com alguns dos comerciantes estremocenses que todos os dias abrem as suas lojas na esperança de que aquele seja um bom dia de negócio e que, no final do dia, fecham as portas com medo de que na semana seguinte já não as possam voltar a abrir.

São as pequenas lojas que dão vida à nossa cidade, e por isso é importante promovê-las e apoiá-las através de iniciativas como o “Natal no Comércio Local” ou a “Feira de Saldos e Stocks”. Um exemplo de políticas públicas locais que espero que continuem a ser desenvolvidas e melhoradas.

O mercado de sábado tem também aqui um papel relevante para sobrevivência do comércio local, assim como todas as pessoas dos concelhos limítrofes que se deslocam a Estremoz para fazer compras. A visibilidade turística de Estremoz e as características dos concelhos vizinhos fazem a diferença. No entanto se todos, como estremocenses, dermos o nosso contributo e preferirmos o comércio local este deixará de estar em risco.

No meio desde mundo de adultos em que não percebo nada disto, continuo com a esperança de que juntos possamos fazer a diferença e de juntos podermos dar mais vida ao comércio local.

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