Évora/27: Demissão de Paula Mota Garcia provoca guerra de comunicados

A demissão de Paula Mota Garcia, até agora coordenadora da equipa de missão da Capital Europeia da Cultura, provocou uma “guerra de comunicados” entre as diversas forças partidárias. PCP fala em “afunilamento político”. Vereadoras do PS criticam “gestão inadequada”. Vereador social-democrata critica “declarações infelizes”.

A notícia, avançada pela Alentejo Ilustrado em exclusivo ao início da noite de quinta-feira, motivou uma troca de comunicados entre as diversas forças partidárias. Paula Mota Garcia desvinculou-se da Capital Europeia da Cultura, o mesmo sucedendo com Marisa Miranda, a até agora coordenador da comunicação. Ambas tiveram um papel decisivo no desenho da candidatura que saiu vitoriosa. E ambas decidiram sair do projeto em desacordo com o modelo de gestão da Associação criada para organizar o evento.

Depois da indicação de Maria do Céu Ramos para o cargo de presidente, por acordo entre o Governo e o Município de Évora, a assembleia geral da Associação Évora_2027 decidiu na passada semana eleger um diretor financeiro, António Costa Silva, e um diretor de comunicação, Bruno Fraga Braz.

Em termos práticos, a continuar na estrutura, Marisa Miranda perderia a chefia. Já Paula Mota Garcia teria de concorrer ao lugar de diretor executivo ou artístico, dois cargos que obrigam à realização de procedimento de contratação pública.

“A sua integração na estrutura da Associação poderia ter sido atempadamente acautelada, designadamente na elaboração dos Estatutos. Não o foi. A Dr.ª Paula Mota Garcia terá entendido informar ontem que não pretende continuar no projeto. É legitimo, é a sua escolha”, considera o vereador social-democrata Henrique Sim-Sim, acrescentando que a integração teria sido “desejável”.

“A Associação irá precisar de uma equipa muito competente e, acredito, este assunto ainda não estaria completamente fechado. Mas essa decisão dependeria, também, da entrada em plenas funções da direção da Associação, o que ainda não aconteceu”, acrescentou, classificando de “declarações infelizes” as que se referem à “partidarizaçaõ pelo PSD” da Évora/27.

Posição diferente tem o PCP que, em comunicado, acusa Maria do Céu Ramos de “contrariar o trabalho de discussão e consenso até aqui alcançados”. O PCP diz considerar “de enorme gravidade para o projeto Évora 2027, em construção, o afastamento destas duas responsáveis que tiveram um papel determinante na elaboração da candidatura e na obtenção do título de Évora 2027” e manifesta “preocupação pelo caminho de afunilamento político delineado para a direção da Associação Évora_2027”.

Mas critica também “a desconsideração para com a equipa de missão cujo papel tem sido decisivo na candidatura e na construção de Évora_2027”, a “possibilidade de descaracterização ou mesmo comprometimento” do projeto vencedor e condena o papel “do PSD, mas também do PS neste processo”.

“Apesar das insistências constantes, desde janeiro de 2023, por parte do Município de Évora, junto dos Governos PS e PSD/CDS, continuam por definir importantes fontes de financiamento de Évora_2027: por exemplo, não se conhece o financiamento comprometido através de fundos comunitários; não se conhece financiamento para o pavilhão multiusos ou para o Centro Nacional de Dança”, acrescentam ainda os comunistas.

Por sua vez, as vereadoras socialistas na Câmara de Évora consideram que estas demissões são “evidência da gestão inadequada” da Associação Évora 2027. “Esta é uma situação reveladora da falta de bom senso dos intervenientes e uma enorme injustiça, porque não integra, na associação, pessoas que, antes, tiveram um papel decisivo na escolha da candidatura vencedora Évora para Capital Europeia da Cultura”, referem Lurdes Nico e Bárbara Tita.

As vereadoras socialistas manifestam ainda a sua “preocupação” pelo “atraso na execução do projeto” e consideram que este “deve ser unificador, que une todos os eborenses e alentejanos e não deve ser capturado por dinâmicas partidárias”. 

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