Breno Teixeira: “Que passado nos espera!”

A opinião de Breno Teixeira, escritor

Num futuro não tão distante, onde as fraudes bancárias se tornaram um desporto nacional e os hackers doutorados em “golpeologia”, a humanidade decidiu que o velho e confiável “colchão bank” é a nova tendência em segurança financeira. Estamos a falar de voltar às raízes e guardar o dinheiro debaixo do colchão. Mas não é qualquer colchão! São colchões inteligentes, equipados com reconhecimento facial, impressão digital, sensores biométricos e alarmes anti-roubo, que tocam a “Marcha Imperial”, da saga Star Wars, sempre que um intruso se aproxima.

E não pára por aí. Com a ascensão da inteligência artificial (IA) na música, prepare-se para o lançamento do primeiro disco de vinil com músicas escritas por IA. O álbum, intitulado “Bits e Ritmos: O Som da CPU”, será um sucesso instantâneo, com faixas como “O Blues do Algoritmo” e “Rock do Loop Infinito”. Os críticos dirão que é uma obra-prima, enquanto os puristas argumentarão que falta “alma”. Mas todos concordarão que a faixa “Erro 404: Melodia Não Encontrada” é um clássico instantâneo.

As fechaduras das portas serão tão avançadas que até mesmo nós teremos dificuldades para entrar em casa. “Desculpe, não reconheço o seu rosto pós-pandemia”, dirá a fechadura inteligente enquanto tenta convencê-la de que aqueles quilos a mais vieram com o confinamento.

Até mesmo os gatos vão precisar de senhas para entrar em casa, complexas com requisitos como: “inclua pelo menos dois miados, um ronronar e um movimento de cauda”. Apesar da tecnologia, com os hackers e inteligências artificiais, talvez seja hora de voltarmos aos bons e velhos cadeados com chaves, afinal, eles nunca pediram um upgrade de software.

Com a evolução da tecnologia, teremos relógios inteligentes que não só medem os nossos batimentos cardíacos, mas também julgam as nossas escolhas de vida. “Outro hambúrguer, sério? Vou contar isso para a sua balança inteligente”. Nesta altura, vou optar pelo velho amigo relógio de bolso e ter uma vida gastronomicamente feliz.

No final, talvez a tecnologia nos leve a um ponto onde o mais seguro será mesmo voltar ao básico. Quem sabe, talvez até voltemos a usar pombos-correio para enviar mensagens secretas, sem perigo de termos a nossa intimidade invadida. Pelo menos até que alguém invente um drone-falcão treinado para intercetar pombos-correio.

Então, enquanto esperamos por esse futuro tecnologicamente hilariante, vamos apreciar o momento e talvez considerar dar uma olhada naquele velho colchão. Afinal, nunca se sabe quando precisaremos dele para mais do que apenas uma boa noite de sono.

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