Passada a fase da surpresa por ter sofrido um acidente vascular cerebral (AVC), seguido do internamento hospitalar na unidade do Hospital do Espírito Santo, em Évora, especializada em socorrer estes gravíssimos casos, que constituem a maior causa de morte em Portugal [ver edição da Alentejo Ilustrado de janeiro 2025], abre-se a próxima etapa. A de saber se conseguimos ou não a reabilitação das deteriorações que nos deixaram assim: aleijadinhos. Não há outra forma de nomear a coisa: de um minuto para o outro ficámos uns aleijadinhos.
Uns dizem que sim, que se recupera a custo de imenso esforço e infindável paciência. Outros advogam que é muito difícil voltarmos a ser o que éramos. Contudo, a verdade é que ninguém sabe ao certo, porque “cada caso é um caso”. Esta é a frase recorrente, mais escutada dos profissionais de saúde, pondo-se à defesa e deixando-nos toldados na incerteza. Conseguiremos um dia recuperar a nossa vida anterior ou ficaremos dependentes de um cuidador, pior, metidos numa instituição para o resto da nossa vida? No dia seguinte, ao acordarmos na cama do hospital, esta é a única questão perante nós, tão simples quanto isto.
É muito mais fácil ter um AVC, do que ganhar o Euromilhões, asseguro-vos, e nem precisa de jogar. Em Portugal as estatísticas indicam que acontecem três acidentes vasculares cerebrais a cada hora que passa. Um deles é fatal.
Encontrei o António (nome fictício) vindo de Serpa com 30 e poucos anos, deitado no leito do seu quarto numa das Unidades de Cuidados Continuados (UCC) onde estive internado para recuperação. Ele não se mexia dali há mais de cinco meses, nem parecia poder recuperar fosse o que fosse. Do canto direito da sua boca pendia um longo fio de saliva, jorrando uns tímidos sons de vogais, perdera a aptidão da fala. Os seus olhos de aguarela expressavam a total incompreensão que adivinhávamos reinar na sua cabeça. Sofrera um AVC como eu, mas para ele não havia caminho a percorrer.
Trocando impressões com um vizinho do quarto do lado, confesso a propósito do António, que “ainda acabámos por ter muita sorte” apesar de tudo. No processo de reaquisição dos nossos meios físicos, além de sorte, a determinação do paciente é essencial. A nossa atitude! Contudo, também precisamos de conhecer as regras do jogo.
A primeira fase termina, quando temos condições clínicas para o hospital nos dar alta. Nesse momento entra em jogo uma equipa multidisciplinar, a Equipa de Gestão de Altas (EGA), conjugando a Segurança Social e profissionais de saúde. Os primeiros analisam o contexto económico-social, permitindo o regresso ao nosso lar e os direitos de apoio que possuímos (ou não). Os segundos avaliam os cuidados que necessita o nosso caso em função dos défices de cada um, envolvimento físico na sua casa e qual a melhor via para recuperar, e os âmbitos, por exemplo, da fisioterapia, da terapia da fala ou da área psiquiátrica.
Caso reúna condições e tenha um cuidador responsável na sua casa, propõem que regresse ao lar e que tal medida seja acompanhada por duas ou três sessões semanais de fisioterapia, deslocando-se ao hospital. Se o paciente tiver défices mínimos, essa será a opção ideal.
Se, como eu, sofrer dos males clássicos, que são ter ficado com a perna, o pé, a mão e o braço de um dos lados inoperantes: esqueça! Foi o meu caso, posso testemunhar em perfeito conhecimento de causa. Decida rapidamente sacrificar o bem-estar do lar doce lar pelo realismo do seu estado e para manter viva a esperança na equidade que merece, pedindo o seu internamento numa Unidade de Cuidados Continuados.
A Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI) foi criada em 2006 (Decreto-Lei n.º 101/ 2006) pelos ministérios do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social. Funciona muito bem, através de um conjunto de instituições públicas e privadas, prestando um conjunto de cuidados, de apoio social e de saúde.
Neste quadro o RNCCI agrega diversas tipologias de unidades de curta duração e convalescença, unidades de média duração e reabilitação, unidades de longa duração e manutenção. Se preferir ficar em casa, a Rede dispõe de equipas de cuidados ao domicílio.
Saiba que os primeiros meses após o AVC são preponderantes para o seu corpo (e cérebro) reagirem positivamente aos estímulos dos terapeutas. Por isso, se deseja verdadeiramente recuperar, não hesite. Reúna com a EGA e deixe-se levar pela RNCCI. Se há algo que funciona bem é o SNS, apesar dos inúmeros problemas conhecidos (só parte loiça, quem a lava) e de o criticarmos a nosso bel-prazer. Porque sim, e porque ninguém é perfeito.
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Quanto a mim, tive a sorte de pedir para, e de ser, colocado na Unidade de Curta duração de Selmes, uma pequena aldeia perto da Vidigueira (Beja). Na Alentejo Ilustrado, em agosto de 2024, tínhamos publicado uma reportagem sobre aquele centro. E, portanto, tinha eu como os nossos leitores boas referências sobre o local. O edifício foi construído e funciona há apenas três anos. Logo, foi pensado e bem concebido para este fim específico, o de servir na recuperação física dos utentes.
Uma semana depois, à chegada a Selmes indicaram-me o meu número C 164, através do qual me deveria identificar, bem como marcá-lo com uma caneta em todas as minhas peças de roupa, e levaram-me ao quarto número três, cama um, onde me acomodei. Espreitei timidamente à porta no intuito de descobrir onde estava metido, e no corredor passou-me à frente uma senhora na casa dos 60, de cabelo grisalho, impulsionando-se lesta numa cadeira de rodas.
“Vá! Temos de sair todos daqui, a andar pelas nossas pernas!” – advertiu-me ela com voz segura, mas a quem, curiosamente, lhe faltava uma perna!…
A desconhecida, soube-o mais tarde, chama-se Anabela, vinha de Alvito. Aquela primeira frase, coadjuvada pelo anacronismo do seu estado físico, serviu-me como um mote para os raros instantes de dúvida que viriam a assaltar-me, aqui e acolá. Nem a senhora sabe como para mim foi importante aquela sua frase.
Posteriormente contou-me a sua história, que esteve internada no Hospital de Beja, com uma patologia no pé. Quando uma tarde a médica, de rompante, entra no quarto e lhe disse que tinha de ter a perna amputada do joelho para baixo. A decisão cabia a ela, paciente. “É a única maneira de estancarmos o problema que tem, caso contrário daqui a duas horas poderá ser tarde demais e estar morta”. Foi o que ouviu, e de acordo com isso bradou: “Vamos à faca doutora”.
O exemplo da Anabela batalhando todos os dias, parecendo uma heroína de banda desenhada na fisioterapia, ilustra bem a temeridade que é necessária para estas pessoas se esforçarem para voltar a ser quem foram, meses atrás. Passadas largas semanas, saiu dali a andar, como prometera. Apoiada em muletas, claro, mas sabendo que um dia receberá uma prótese permitindo-lhe ser igual ao que era. Ou quase.
Muitos são os que desistem, não se iludam, sobretudo se forem idosos. No entanto, também presenciei esse contínuo sofrimento de velhotes, na execução física de árduas tarefas, sempre protegidas pelos terapeutas. O que originou verdadeiros milagres graças a essa diária insistência de ambos os lados. Por observar os terapeutas a acompanhar os utentes, que nem sombras, apelidei-os de “Anjos da Guarda”.
Nuno Rodrigues é responsável por metamorfoses destas, dotado de uma dedicação ímpar aliada ao talento natural que tem. A sua maturidade profissional esconde a juventude. Desembarcou há poucos anos da Ilha da Madeira, vindo estudar fisioterapia no Politécnico de Setúbal. Apaixonou-se por uma colega alentejana e veio viver para Moura. Felizmente, não é só nos filmes, que estes romances acontecem. Futebolista ainda no ativo, por prazer, viu-se desde jovem atraído pelo desporto, e foi esta vertente que o levou a interessar-se pela fisioterapia.
“Hoje com a experiência vejo-me mais direcionado a trabalhar na geriatria e utentes com graves défices”, testemunha o Nuno, que é acarinhado por todos dada a simpatia e a entrega com que se empenha no seu trabalho. Não perdeu parte do sotaque madeirense, o que lhe empresta um certo charme; contudo, é a tenacidade que tem para nunca desis- tir de nenhum utente, que leva alguns, como a Dona Júlia com 87 anos a dizerem “Aquele menino, vale ouro!”, enquanto caminha de bengala em punho. Ela a quem vaticinaram que jamais voltaria a sair da cadeira de rodas.

Conversando com o Nuno, ouvi-o sonhar com o futuro. Casar-se. Constituir família, comprar uma casa… enfim, o típico início de vida familiar que qualquer jovem deseja e provavelmente merece. A par disto falávamos sobre o pesadelo que é a realidade atual na sociedade portuguesa, em particular no interior. Escutei-o proferir estar “disposto a encontrar outro ofício, se ganhar melhor e ajudar no projeto”. O que me levaria as mãos à cabeça, fosse eu capaz de mover o meu braço esquerdo.
Imaginem um outro madeirense, Cristiano Ronaldo aceitando quando jovem, abandonar o futebol, se isso o ajudasse na sua vida… acham que estou a exagerar? É porque não conhecem o Nuno. O seu alegre sotaque madeirense levou-me a brincar com ele, avisando João, o terapeuta da fala, que também aquele fisioterapeuta necessitava dos seus préstimos, de modo a expressar-se normalmente. O humor dá alento à vida. Para mais, em situações que não têm piada nenhuma.
Lado a lado dos fisioterapeutas, trabalham em consonância os terapeutas ocupacionais (TO). Eis a Alice, que não vem do país das maravilhas, mas da vila de Alvito e se formou no Instituto Politécnico de Beja. A Alice procura manter uma leve distância, de modo a proteger-se emocionalmente. Por vezes não resulta como aconteceu com Dany, um jovem utente migrante do Bangladesh. Na hora da despedida o homem agarrou-se a ela a chorar, clamando que lhe “ tinha salvado a vida”, ao reabilitá-lo, possibilitando que ainda houvesse um futuro normal pela frente. Imagina-se debilitado por um AVC aos 31 anos? Aí Alice recorda que se foi abaixo, chorando como um bebé. E envergonha-se, quando o admite.
A propósito, o mundo da saúde (enfermeiros, auxiliares, fisioterapeutas) reúne uma espetacular miscelânea de sotaques, um caleidoscópio das infinitas pronúncias em alentejano existente. Porque é constituído por gente vinda de todos os lugarejos deste Alentejo. E ainda bem.
Regressando à terapeuta ocupacional Alice Caeiro, ela ocupou-se do meu braço e mão, manipulando-os em ângulos concretos, exercendo pressões precisas a que chamam imobilização diária, aplicou elétrodos, fez massagens, toalhas quentes, bolas de borracha cardadas, exercícios vários parecidos com os utilizados nos jardins de infância, etc. O meu braço lentamente respondia. No entanto, a mão esquerda persistia em manter-se como no início, fechada semanas a fio.
Até que, ao fim de dois meses com a Alice arrojando a ponta de um longo pedaço de gelo, chamam-lhe o método de Rood, que quase ia esfrangalhando o meu antebraço debaixo acima (agora sim, estou a exagerar um pouquito)… finalmente os dedos lá deram sinal de quererem movimentar-se. Não mais foram que uns tímidos movimentos, contudo para a Alice foram movimentos gloriosos, de tal maneira que os filmou com o telemóvel. “É o início senhor Alexandre”, incentiva ela, a quem a dona Augusta apelidava carinhosamente de “carinha de esquilo”, confessando que, não querendo transparecê-lo, estava a ficar muito preocupada com a obstinada ausência de reação da minha mão.
É esta crença, que vi nos olhos e trabalho do Nuno e da Alice, que os leva a alcançarem pequenos grandes milagres para os pacientes nas suas mãos. Porque, repito, faça-se o que fizer, de ambos os lados, reside essa constante incerteza em saber se um dia o corpo e a sua conexão com o cérebro, vai reestabelecer-se.
A Mariana é o melhor exemplo que testemunhei. Deu entrada na instituição numa maca dos bombeiros, com o diagnóstico de tetraplegia incompleta, ou seja, não tinha qualquer movimento em lado nenhum do corpo. Fora vítima de uma inexplicável queda de um metro e meio, quando colhia figos na quinta. Segundo a própria, “quando percebi que nada conseguia mexer no meu corpo, considerei pedir aos meus filhos e marido, pela eutanásia”. Foi recusada em algumas unidades, por não acreditarem na sua recuperação.
Após mínimos avanços, máxima boa vontade e labor da parte do fisioterapeuta Nuno Rodrigues e Alice Caeiro, coadjuvados por colegas como a Rafaela e a Ana, durante quatro meses em Selmes, fizeram com que a valentia diária da Mariana a levasse de regresso a Vila Viçosa caminhando pelos seus pés. Voltando a utilizar os braços e corpo, como se (quase) nada tivera acontecido. Ver para crer, como São Tomé? Eu vi. Entendem porque lhes chamo os “Anjos da Guarda”?
A diferença entre estes e outros colegas deles com igual competência é esse, o de acreditarem nos milagres. Que com a ajuda do paciente, podem realizar milagres. Bem sei que um milagre significa um facto sobrenatural oposto às leis da natureza. E a figura do “anjo da guarda” pressupõe que Deus atribuía a cada pessoa, um anjo que a acompanhe e proteja. No entanto, e retirando neste contexto o paradigma religioso, ambos os conceitos me parecem adequados a estas situações. Quem por esta experiência passou, compreende.
Obviamente, para além dos fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais, estas unidades contam com vastas equipas multidisciplinares, incluindo psicólogos, assistentes sociais, farmacêuticos, animadores, terapeutas da fala, pessoal de cozinha, pessoal para apoio técnico e informáticos, bem como médicos, enfermeiros e auxiliares de saúde, que são quem mais se nota na azáfama diária destas instituições.
“Apesar das sérias dificuldades de gestão e principalmente de financiamento que estas unidades atravessam nos últimos tempos, esta decisão foi tomada”, afirma o Dr. Francisco Figueira, provedor da Santa Casa da Misericórdia de Évora (SCME), a propósito da nova construção, perto do hospital e asilo, preenchendo uma grave lacuna que havia na cidade de Évora e arredores.

“A Santa Casa da Misericórdia de Évora desenvolveu um projeto de uma nova unidade de cuidados continuados integrados, com grande capacidade e com todos os meios e inovações para garantir que a zona de Évora seria devidamente coberta por esta resposta social”. Esta unidade veio expandir a capacidade que existia anteriormente, criada em 2006 no Hospital da Luz/da Misericórdia, com apenas lugar para 12 utentes.
Não poucas vezes, os eborenses estonteados pela história e monumentos da sua cidade, perdem a noção da urbe que imaginam ser, mas já não são. Este, é mais um desses exemplos. Construído de fresco, no primeiro piso do belo edifício visto da rua por todos, abriu em novembro passado esta UCC. Tal como Selmes, foi desenhado a pensar na maximização das condições para os utentes e profissionais que o utilizam. E assim é.
Melque Sedeque Gomes veio do Brasil para Portugal em 2019. Formado em enfermagem, deparou-se com a impossibilidade de ver o seu curso reconhecido e trabalhar na área da saúde. “O curso de enfermagem no Brasil é diferente”, reconhece ele, “é mais teórico que prático e nos prepara para no hospital sermos gestores de equipas de enfermagem, que são constituídas por enfermeiros técnicos”. Na realidade aprendem a executar algumas tarefas clínicas que em Portugal estão reservadas aos médicos e a chefiar equipas de enfermeiros. Para resolver a sua situação, viu-se obrigado a regressar aos estudos, e a passar mais quatro anos na Universidade, neste caso de Évora.
“Foi bom porque aprendi todo o lado prático e manual, quando antes aprendera somente o teórico”, afirma Gomes. Deambula pelos corredores com o telemóvel no bolso, a tocar canções. “Sou o enfermeiro da música, onde vou levo a medicação, os serviços de enfermagem e a alegria aos utentes” – sorri o profissional de saúde que foi o primeiro enfermeiro brasileiro a formar-se em Portugal.
No ginásio, de novo em tudo é parecido com o de Selmes, no que toca ao espaço, luz natural e aparelhos. O ambiente humano é excelente, proporcionado pelas fisioterapeutas Maria João, a Andreia e a terapeuta ocupacional Sara, cujas competências também são de distinto nível.
A meu lado, deitada na marquesa dupla, Elexina (leia-se Eleksina), velha franzina surda que nem uma porta, entregando-se de corpo e alma aos exercícios. Quando a Maria João lhe diz para descansar, ela responde “o quê? Mais dez vezes?”… e recomeça, para desespero da fisioterapeuta, ao vê-la levantar os finos braços vezes sem conta. “Não está cansada?”, pergunta preocupada. “Eu casada? Já fui”.
Vinda de São Pedro do Corval, aos 95 anos tem mais coragem que os outros velhotes juntos. “E sente-se bem aqui?” questiono eu, gritando-lhe ao ouvido pela terceira vez. “Eu? Eu sinto-me bem em qualquer lado!”, ensina-me a terna idosa. Isto de conviver por entre a população idosa, pode ser complexo e deprimente, mas surgem situações que levadas com ligeireza, permite sorrir sem maldade.
Certa manhã o Manuel, outro octogenário, vai passando pelos aparelhos reclamando com os dentes. Então o que têm? Doem-lhe? “Não”, diz ele, “hoje não me servem bem na boca”, lamenta-se. Uma rápida análise e deu-se com a causa: andava com a dentadura do vizinho de quarto. “Ora, foi a primeira que veio à mão”, explica… rindo-se.
A partir dos 80 anos a motivação para se esforçarem, tendo em vista a recuperação física, é simplesmente menor. Vários velhotes nem querem ir, apesar da insistência diária das profissionais em os quererem levar a exercitarem-se. Contudo alguns, como a Alexina, vão de bom grado. Geralmente elas são mais corajosas que eles, mas há exceções a confirmar a regra. “Sabe? O que custa, é o que Deus agradece!”, asseguram as octogenárias, louvando o sacrifício numa espécie de ‘no pain, no gain’ dos tempos antigos.
O caminho faz-se caminhando, diz-se por entre os peregrinos do Caminho de Santiago. Ultreia! Ora este trilho da reabilitação também é constituído por pequenas vitórias: conseguir tomar duche sozinho sem o olhar e a ajuda de terceiros, conseguir vestir as cuecas sozinho, calçar as meias, os sapatos, conseguir dar o nó dos atacadores dos ténis! Dá-nos a sensação de sermos o Neil Amstrong executando o primeiro passo sobre a Lua. Sem exagero. Esta é uma comprida viagem, na qual regressamos de longe. De muito longe.
Por mim, enquanto vos escrevo estas palavras, continuo nesta senda, procurando a reabilitação completa. Digam o que disserem. Mas em termos profissionais preocupa-me que o motivo na base daquilo que sofri seja a principal causa de morte em Portugal e esteja suportado por hábitos. Sim, hábitos bem nossos, alentejanos sobretudo, que procurarei escalpelizar na próxima e derradeira parte desta reportagem em torno do AVC.