Beja: Líder da CDU desafia eleitores a “transformar a descrença em voto”

Num comício marcado pelo tom combativo, Paulo Raimundo e Bernardino Soares levaram a Beja palavras de protesto e apelo à mobilização, atacando a “propaganda da direita” e prometendo devolver dignidade ao trabalho e à vida. A CDU quer recuperar o mandato perdido e "transformar a descrença em voto".

O secretário-geral do PCP afirmou na noite de quinta-feira que na CDU “não há mentira” nem manobra, num comício em Beja onde o antigo deputado Bernardino Soares procurou desmontar “propaganda” da direita.

“Com muito orgulho, podemos dizer que aqui não há mentira, aqui não há demagogia, aqui não há manobra. Aqui há coerência, há verdade e há a razão do nosso lado”, afirmou Paulo Raimundo.

O líder comunista disse que as pessoas “estão fartas e têm razões para estarem fartas”, colocando como o principal desafio pegar em “toda essa angústia, em toda essa descrença” e transformá-la em votos na CDU e eleger Bernardino Soares por Beja, círculo eleitoral onde os comunistas perderam um mandato, em 2024.

Antes de Paulo Raimundo discursar, Bernardino Soares recordou três conversas que teve com eleitores durante a campanha no distrito de Beja, apontando para os efeitos da propaganda e procurando desmontá-la.

Um dos casos era de uma mulher que se queixava de quem tinha subsídios e não “devia receber”, mas que tinha uma reforma de 300 euros. “Acha que o principal problema da sua vida são os subsídios ou é a sua reforma ser baixa, ou é a miséria a que a condenam por não lhe darem uma reforma justa e digna?”, perguntou.

Com outro eleitor, surgiu uma história que anda “agora por aí” de que tem sido “sempre pior” desde há 50 anos para cá.  “Houve progresso? Houve a reforma agrária? Houve mais trabalho? Salários mais altos? Chegou a saúde? Chegou a educação? As escolas? Tanta coisa que se fez nesses anos a seguir ao 25 de Abril!”, disse, referindo que a culpa do atraso não é do 25 de Abril, mas “da política de direita de vários governos que vieram depois”.

Por último, contou o encontro com um trabalhador, esta semana, que tem “dois empregos para conseguir pagar a casa e o resto das despesas”, mas que dizia que o importante “era ajudar as empresas a serem mais ricas, porque só se os ricos forem mais ricos é que podem ajudar os mais pobres”.

Ouvindo-se algumas vozes de protesto no comício, Bernardino Soares pediu aos presentes para não condenar o pensamento daquele trabalhador, considerando que o mesmo é “resultado de uma campanha profunda que procura condenar os trabalhadores à sua própria vida sem dignidade”. 

O trabalhador, continuou, é funcionário dos CTT, uma empresa em que “os lucros são retirados da empresa para dar aos acionistas” e que não resultaram em qualquer aumento para aquele homem. 

Durante o seu discurso, Bernardino Soares atacou diretamente o Chega (partido que conseguiu eleger por Beja em 2024) e os seus cartazes, em que André Ventura pede uma oportunidade, em contraponto com PS e PSD.

“Onde é que esse estava quando o Passos Coelho cortou as reformas e os salários? Estava no PSD. Onde é que o que agora o substitui [Pedro Pinto, líder parlamentar] estava quando cortaram as verbas para o Serviço Nacional de Saúde no tempo do Passos Coelho e do Portas? Estava no CDS”, acusou.

Para Bernardino Soares, “eles já lá estiveram e fizeram do pior que se fez nestes últimos anos na política nacional”. Tal como num almoço em Beja na semana passada, o antigo deputado voltou a pedir a sua eleição, para tirar um mandato à direita no distrito.

Fotografia | José Baguinho

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