Terras sem Sombra regressa a Arronches com arte rupestre e música mariana

Após uma estreia auspiciosa em Arronches em 2024, o Festival Terras sem Sombra regressa hoje a este território do Alto Alentejo com um programa que alia a grande música de inspiração mariana aos traços patrimoniais da região. O programa arranca com uma visita à arte rupestre da freguesia de Esperança, conduzida pelo arqueólogo Manuel Calado.

Um dos mais notáveis conjuntos de arte rupestre esquemática em Portugal vai estar em destaque este sábado, numa actividade dedicada ao património cultural da freguesia de Esperança, no concelho de Arronches. A visita, marcada para as 15h00, tem ponto de encontro no Centro Interactivo da Ruralidade e é orientada pelo arqueólogo Manuel Calado, professor da Universidade de Lisboa e especialista em Megalitismo e Pré-História da Península Ibérica.

Sob o mote “Territórios Rituais: A Arte Rupestre na Freguesia de Esperança”, a iniciativa propõe-se revelar “um dos mais impressionantes legados pré-históricos do território alentejano”, com pinturas datadas do Neolítico e Calcolítico, com cerca de 5000 anos. Estas manifestações artísticas oferecem “um vislumbre da vida e da espiritualidade das comunidades agro-pastoris que habitaram a região”, refere a organização.

O Abrigo de Vale de Junco, também conhecido como Lapa dos Gaivões, é o mais emblemático dos sítios arqueológicos visitados. Descoberto em 1914, apresenta figuras antropomórficas e zoomórficas, impressões de mãos e símbolos geométricos, predominantemente em tons de ocre vermelho. De acordo com os organizadores, estas representações sugerem “cenas de pastorícia e rituais simbólicos”, revelando traços da organização social e das crenças das populações pré-históricas.

Além da Lapa dos Gaivões, a freguesia de Esperança conserva outros abrigos com relevância arqueológica, como o de Pinho Monteiro, descoberto em 1981 na Serra da Cabaça, e a Lapa dos Louções, ambos com pinturas semelhantes. A diversidade e a concentração destes vestígios reforçam “a importância cultural e científica da região no contexto da arte rupestre ibérica”, acrescenta a mesma fonte.

Conforme a “Alentejo Ilustrado” havia noticiado, o concerto desta noite (21h30) propõe a itinerância por um repertório musical atento às múltiplas dimensões da vida de Nossa Senhora: a jovem mãe, a rainha celeste, a intercessora compassiva, a mulher glorificada. Vai actuar um dos mais interessantes coros litúrgicos da actualidade, a Schola Cantorvm Colegiada de Cedofeita, do Porto.

Sob a direcção musical de Nuno Miguel de Almeida, a Schola Cantorvm conduzir-nos-á numa viagem musical que começa na solenidade do canto gregoriano, atravessa os refinamentos da polifonia renascentista, barroca e romântica e desemboca na vibrante linguagem da criação contemporânea. Um périplo ao longo de dez séculos em que a figura da Mãe de Deus se revela sob múltiplas luzes – ora na contemplação serena, ora na súplica ardente –, através de obras de Tomás Luis de Victoria, Gregor Aichinger, Zoltán Kodály, Jeff Enns, Ēriks Ešenvalds, entre outros.

Figura incontornável do imaginário espiritual e artístico do Ocidente, a Virgem tem constituído uma fonte inesgotável de inspiração musical desde os primórdios da Cristandade. “Sob o Teu Manto: Aspetos da Vida de Nossa Senhora na Música (Séculos XI–XXI)” é, assim, um tributo mariano, onde o sagrado se faz canto e a arte se torna oração. 

Fotografia | Bruno Lino Vassalo/Alentejo Ilustrado

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