Liberdade e diversidade no Encontro de Marionetas em Montemor

De hoje até 1 de junho, Montemor-o-Novo será novamente palco do Encontro Internacional de Marionetas, que chega à sua 17.ª edição com uma programação rica e diversa, reunindo artistas de várias partes do mundo.

Organizado pela Alma d’Arame, o evento promete dez dias de espetáculos, performances, exposições, música e conversas em diversos espaços da cidade, com a liberdade como tema central.

“Os anos passam. E continuamos a acreditar que uma das chaves para um mundo mais justo e livre foi e será a arte”, afirma Amândio Anastácio, diretor artístico da iniciativa.

O evento, que já se tornou uma referência na cena cultural nacional e internacional, propõe-se a ser, nas palavras de Amândio Anastácio, “um encontro de micro revoluções, com marionetas, teatro, performances, música, exposições e conversas, onde o mote será a Liberdade em todo o seu significado”.

O diretor destaca também o caráter internacional e inclusivo do festival. “Este é um encontro que se expande para lá do território de Montemor, sem fronteiras, sem limites entre pessoas e países, na convicção de que vivemos melhor todos e com todos, na diversidade que nos une”, disse.

Nesta edição, o evento contará com criações oriundas da Bélgica, Portugal, França, Croácia, Itália, Espanha, Suíça, Jordânia e República Checa. Serão apresentados espetáculos que abordam temas como guerras, histórias verídicas, distopias, natureza, consciência, revoluções, e questões autobiográficas, num verdadeiro mergulho nas inquietações humanas contemporâneas.

“Em tempos cada vez mais turbulentos e incertos, urge afirmarmos a fraternidade, o amor e a solidariedade como caminhos de futuro através da arte”, reforçou Amândio Anastácio.

O Encontro propõe ainda uma experiência intergeracional, com atividades pensadas para todas as idades, num “ambiente de festa, onde todas as pessoas são bem-vindas”, sublinhou o diretor, que finalizou com um convite à participação: “Venham participar!”

Com entrada livre para muitas das atividades, o XVII Encontro Internacional de Marionetas de Montemor-o-Novo reafirma-se como um espaço de encontro, reflexão e celebração da humanidade através da arte.

arranca esta noite, às 21h30, no Cineteatro Curvo Semedo, com a estreia de “Les Misérables”, uma adaptação do clássico de Victor Hugo pela companhia belga Compagnie Karyatides (repete amanhã, 24).

A peça, apresentada em formato de teatro de objetos, propõe uma leitura visual e sensorial da célebre obra, repleta de simbolismo e emoção. “Esta é a história de um homem que perdeu tudo, um pária cujo passado de condenado o alcança e que se sacrifica por uma criança que o destino lhe confiou”, explica fonte da companhia.

“É a história de uma mulher reduzida a vender o seu corpo e a abandonar o seu filho; de um polícia fanático e incansável; de uma justiça injusta; da batalha do homem entre o bem e o mal; de uma perseguição que dura anos e de um homem cuja consciência é constantemente posta à prova.”

A encenação, fiel ao espírito do romance original, é conduzida com uma estética minimalista e intimista, recorrendo a marionetas, sombras, papel, música e objetos do quotidiano. “Somos uma companhia de teatro de objetos. O nosso lema é ‘Revê os teus clássicos’”, afirma a mesma fonte. “Para melhor servir os monumentos literários que adaptamos, desenvolvemos um teatro de personagens que combina marionetas, teatro de objetos, sombras, papel, artes plásticas e música.”

A proposta visual da Compagnie Karyatides aposta na simplicidade e na reutilização de materiais, com um enfoque poético. “A estética que propomos é crua, nua, pequena e íntima. As personagens das nossas histórias e os cenários das suas aventuras provêm de lojas de segunda mão e de feiras da ladra. Recolhemo-los ao acaso enquanto criamos, encontramo-los por acaso durante as nossas digressões… Admitamos: as feiras da ladra sempre nos fizeram comichão.”

A companhia considera o teatro de objetos uma forma contemporânea de resistência cultural. “O teatro de objetos é como que o porta-bandeira de uma forma de arte de resistência, mais moderna do que nunca, que é para a cultura o que a reciclagem ou o slow food são para os nossos modos de vida: um humilde e magnífico passo lateral.”

Partilhar artigo:

ASSINE AQUI A SUA REVISTA

Opinião

BRUNO HORTA SOARES
É p'ra hoje ou p'ra amanhã

PUBLICIDADE

© 2025 Alentejo Ilustrado. Todos os direitos reservados.

Desenvolvido por WebTech.

Assinar revista

Apoie o jornalismo independente. Assine a Alentejo Ilustrado durante um ano, por 30,00 euros (IVA e portes incluídos)

Pesquisar artigo

Procurar