O discurso do presidente da Câmara de Estremoz na abertura da FIAPE foi o esperado em ano eleitoral. Um comício. Não vou referir os projetos enunciados que ainda estão no papel, sem projetos de execução, ou cujo concurso para os mesmos foi agora lançado e que parece já terem financiamento…
O inaudito foi a citação do saudoso Papa Francisco, por alguém que não ouve ninguém e não sabe dialogar.
Escutar, de facto, é uma arte difícil e que não assiste ao presidente da Câmara de Estremoz. Quanto mais trabalhar com todos…e envolver todos. Talvez todos, menos os vereadores da oposição, e ainda menos a vereadora da Coligação Estremoz com Futuro.
Não admira, se tivesse ouvido e atuado em conformidade, talvez o muro de suporte da Capela de N. Sr. Jesus dos Inocentes não tivesse caído. E teríamos, pelo menos, algum mobiliário urbano no Largo do Castelo, como recipientes para lixo, bancos, e quem sabe, instalações sanitárias.
Se ouvisse, talvez o Mercado do Peixe já estivesse à disposição dos jovens empresários ou dos nómadas digitais, a criar riqueza para o concelho e a antiga Biblioteca não estivesse fechada.
Se ouvisse, já teríamos iniciado a requalificação do centro histórico, com a aquisição de algumas habitações e sua reconstrução para colocar no mercado de arrendamento ou venda, à parte da Estratégia Local de Habitação, como foi proposto.
Se ouvisse, Estremoz já teria sinalética alusiva ao Figurado de Estremoz, promovida e criada pelas instituições da comunidade civil, com materiais recicláveis, envolvendo todos num projeto de pertença e de orgulho comunitário, como foi proposto em reunião de Câmara.
Se ouvisse, e se quisesse, de facto, trabalhar com todos, teria cumprido o compromisso inicial, quando os vereadores fizeram as suas propostas para os sucessivos orçamentos municipais, mas que nunca sairam do papel.
Se ouvisse todos, a dinamização da Zona Industrial dos Arcos teria sido uma prioridade, desde o início.
E se ouvisse as populações, desde o início, já teria apresentado um plano para o problema, com décadas, do abastecimento de água no concelho, outra das grandes prioridades ignoradas.
Se ouvisse as populações, não teria desbastado de forma selvática as árvores da cidade, sem antes fazer um diagnóstico cuidado da necessidade do seu abate.
Se ouvisse as populações, e os jovens e as famílias, já teria iniciado as suas próprias propostas eleitorais no que se refere ao desporto e às instalações desportivas. Se ouvisse as populações, já teria ordenado o trânsito na cidade e em particular o estacionamento no Rossio.
Se ouvisse as populações e cuidasse da segurança de pessoas e bens, como é sua obrigação, tinha retomado o processo de implementação das câmaras de videovigilância, que já se encontrava autorizado pelo Ministério da Administração Interna de então.
Se ouvisse…mas não ouviu. Se quisesse todos os contributos… mas não quis.
Não basta citar o Papa Francisco. É preciso segui-lo.