No final da década de 80, do século passado, um grupo de amigos, ao qual pertencia, tinha colaboração regular no jornal Fonte Nova, pelo jornalismo, em geral, e desportivo. Na altura, com as equipas de Portalegre, pelos campeonatos nacionais secundários. Respondemos ao desafio do seu diretor, Bentes Bravo.
Pouco tempo depois, surgiu o processo de legalização das rádios locais. Dando sequência a essa colaboração, juntámo-nos para a candidatura a uma das duas frequências disponíveis para Portalegre. O que conseguimos num projeto que envolveu grupo diverso de pessoas e entidades a nível local. Com ele participámos num projeto de comunicação social regional do qual também fazia parte a Radio Diana, em Évora, e a Rádio Pax, em Beja.
Não parámos por aqui e como alguns éramos docentes da Escola Superior de Educação fizemos a aposta, talvez mais arriscada. Criar um Curso de Licenciatura em Jornalismo e Comunicação, uma oferta formativa alternativa à tradicional formação de professores, que se dizia não ser mais necessária. Muitos desconfiaram deste propósito e por várias razões. Onde iríamos buscar recursos docentes, como iríamos atrair alunos para tal curso, quando já não era fácil para outros, como vinha a suceder. Enfim, o habitual receio local em arriscar!
Quando em 1994/95 recebemos os primeiros estudantes, o curso encheu e com os que concorreram com as melhores notas. Faz agora 30 anos, o que justifica esta retrospetiva. A responsabilidade acresceu, com a perspetiva de um grupo de estudantes tão exigente. Respondemos num primeiro momento com o apetrechamento de recursos técnicos que, na altura, os fundos europeus nos permitiram adquirir. Ao mesmo tempo, fomos procurando encontrar os recursos docentes, até porque mais cedo ou mais tarde a acreditação do curso e a sua avaliação dependeria disso.
Passados 30 anos, o curso continua a encher, sempre com as melhores médias de entrada, e na sequência existe também um mestrado em Media e Sociedade. Os professores possuem o grau de doutor, acrescendo ao estudar neste domínio em Portalegre um elevado nível de qualificação dos docentes, igualmente bem reconhecidos no meio.
Quanto aos estudantes, o que também me traz a esta referência, prova da sua valia académica e empenho, levaram a cabo a 29.a edição das Jornadas de Comunicação, um evento da sua inteira responsabilidade, na organização e dinamização. Justamente o mais longevo evento realizado por estudantes neste domínio, em Portugal. Ao que consta, este ano, um dos mais conseguidos.
Neste ano, foi prestado um tributo a um dos membros daquele grupo de amigos. Precisamente aquele que mais decisivamente se destacou no afirmar desta aposta ousada aqui mesmo em Portalegre: o meu bom amigo e colega Carlos Afonso.
Motivo igual para esta invo- cação foi o também tributo para a nossa Alentejo Ilustrado que aqui fez deslocar os seus diretor e diretor-adjunto. Senti-me assim duplamente orgulhoso – que me perdoem – pela participação nestes projetos, pelo Alentejo e pelo Nordeste Alentejano.