Avis: Paulo Raimundo acusa União Europeia de 40 anos de “ilusão e mentira”

Em Avis, o secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, classificou ontem os 40 anos de adesão de Portugal à União Europeia como “quatro décadas de ilusão, mentira e perda de soberania”. Durante a apresentação do candidato da CDU à Câmara local, o líder comunista criticou os discursos oficiais sobre a efeméride e acusou a UE de hipocrisia, referindo-se à sua inação face ao genocídio na Palestina e à destruição do tecido produtivo nacional.

O secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, criticou ontem os discursos políticos sobre os 40 anos da adesão de Portugal à União Europeia (UE), considerando que são quatro décadas de “ilusão e mentira” e de “perda de soberania”.

“São 40 anos de ilusão, de mentira, 40 anos a transformar este pais num ´resort` turístico e numa escola profissional que está a formar e bem médicos, enfermeiros, engenheiros, eletricistas, canalizadores, a formar esta gente toda, para os exportar para outros países poderem cá vir buscar mão-de-obra altamente qualificada, para fazer crescer a economia noutros países”, lamentou.

Paulo Raimundo, que falava aos jornalistas em Avis, à margem da apresentação do candidato daquela coligação ao município nas eleições autárquicas deste ano, lamentou que nos discursos proferidos para assinalar os 40 anos da adesão à UE, “nem sequer uma palavra” foi proferida sobre as promessas que foram feitas na altura e que não foram cumpridas ao longo dos anos.

O líder comunista referia-se às promessas feitas há 40 anos de que os salários dos portugueses seriam iguais aos dos outros países europeus, acrescentando, de seguida, que a adesão à UE também “destruiu” o tecido produtivo nacional, frota pesqueira, a agricultura e os serviços públicos.

“Os discursos foram todos muito bonitos, foram todos de grande esplendor, mas completamente fora da realidade do nosso país, num quadro de uma UE onde hoje, e sobre isto também não houve uma única palavra, onde hoje estamos perante um profundo cinismo e hipocrisia de um conjunto de estados que não consegue uma única ação, desde logo e em particular, ao genocídio que está em curso na Palestina”, disse o dirigente do PCP, criticando o “inacreditável grau de hipocrisia e de cinismo da própria UE”.

Recordando ainda os problemas que o país vive em áreas, como a saúde, educação e habitação, Paulo Raimundo disse que “poderíamos ter feito mais” ao longo de 40 anos, lamentando de seguida que o país tenha perdido a sua soberania ao longo dos anos. “O país perdeu soberania para definir o seu próprio caminho, perdeu soberania para investir onde entende que era necessário investir, foram-se os dedos, foram-se os anéis”, lamentou.

O dirigente comunista apresentou hoje como candidato da CDU à Câmara de Avis Manuel Coelho, de 57 anos, que foi presidente daquele município entre 2013 e 2021.

A Câmara de Avis é considerada um “bastião comunista” no distrito de Portalegre porque, desde 1976, quando se realizaram as primeiras eleições autárquicas depois do 25 de Abril, tem sido sempre governada pelo PCP ou por coligações encabeçadas por este partido. O município é, atualmente, liderado por Nuno Silva, que está a cumprir o terceiro e último mandato.

Fotografia | Nuno Veiga/Lusa

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