“Perante os aviões norte-americanos que se estão a instalar na Base das Lajes é bom que não se repita a triste figura que aconteceu aquando do Iraque”, defendeu o líder comunista, Paulo Raimundo, ao intervir numa sessão pública em Beja.
O dirigente aludiu ao período da guerra do Iraque quando, alegou, que Portugal e em concreto a Base das Lajes acolheram “a reunião da vergonha, a reunião da mentira, a reunião da hipocrisia [que]teve como consequência milhões de mortos”.
Eem comunicado, o PCP havia exigido ao Governo português um “pronto e urgente esclarecimento” sobre a utilização da Base Aérea das Lajes, nos Açores, pela Força Aérea norte-americana, rejeitando a sua eventual utilização “na escalada de agressão contra o Irão”.
“As notícias sobre a presença de aviões das forças armadas norte-americanas na Terceira, na região autónoma dos Açores, exigem um pronto e urgente esclarecimento por parte do Governo PSD/CDS”, lê-se no mesmo comunicado.
Em causa está a presença de mais de uma dezena de aviões reabastecedores da Força Aérea norte-americana na Base Aérea das Lajes, utilizada militarmente pelos Estados Unidos da América no âmbito de um acordo de cooperação e cujo motivo ainda não foi totalmente esclarecido.
No discurso em Beja na sessão de apresentação dos candidatos da CDU às autárquicas deste ano no concelho, cuja lista à câmara é liderada por Vítor Picado, esta questão dos aviões norte-americanos foi um dos assuntos em destaque. “O nosso país, o Governo de Portugal, não pode ficar mais uma vez com as mãos manchadas, não pode ser mais uma vez cúmplice da guerra, da morte e da destruição. Do nosso país não, do nosso país não, não e não”, enfatizou.
Os aviões militares dos Estados Unidos da América “vão levantar voo de onde quiserem, do nosso país não, para a guerra não”, continuou o líder do PCP: “Tudo para a paz, tudo para a solidariedade, tudo para a cooperação, para isso venham os aviões todos”.
“Para as bombas, para a guerra e para a morte, façam meia-volta e voltem para a sua terra, esses sim voltem de uma vez por todas para a sua terra”, afirmou.
Ainda em matéria de guerra, Paulo Raimundo, criticou os “cínicos” e “hipócritas” que “têm as mãos sujas e manchadas de sangue” e que “não fazem nada para acabar com esse genocídio do povo da Palestina às mãos de Israel”.
O programa do novo Governo também foi uma das críticas incluídas no longo discurso de Paulo Raimundo, que reiterou tratar-se de “uma afronta à vida da maioria e uma declaração de guerra a quem trabalha neste país”.