Concurso deserto. Nem um único médico quis ir para o Alto Alentejo

O número de utentes sem médico de família voltou a subir em maio, atingindo o valor mais alto deste ano, com mais de 1,6 milhões de pessoas sem acesso a um clínico. No Alto Alentejo, a situação agravou-se: no último concurso, nenhuma das 12 vagas para médicos foi preenchida.

O número de utentes sem médico de família voltou a crescer em maio, atingindo o valor mais elevado deste ano: 1,6 milhões de pessoas. Em cinco meses, o Serviço Nacional de Saúde (SNS) perdeu mais de 80 mil cidadãos com acesso a médico de família, agravando o problema de norte a sul do país.

O agravamento da situação ficou também evidente no recente concurso para colocação de novos especialistas em medicina geral e familiar. Das 585 vagas abertas para as unidades locais de saúde (ULS), apenas 231 foram ocupadas. O caso mais extremo foi o do Alto Alentejo, onde nenhum dos 12 lugares disponíveis foi preenchido. Situação idêntica vive-se na ULS do Estuário do Tejo, com 37 vagas que também ficaram desertas.

No total, cerca de 60% dos lugares a concurso ficaram por ocupar, apesar de terem sido apresentadas 412 candidaturas para as 585 vagas disponíveis. Segundo os dados da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), este desinteresse reflete-se sobretudo nas regiões mais afastadas dos grandes centros urbanos.

Face ao agravamento da carência, o Governo promete reforçar as Unidades de Saúde Familiares (USF) tipo B, adaptar indicadores aos territórios de baixa densidade e avançar com convenções com médicos do setor privado e social. Entre as soluções previstas está também o alargamento das USF tipo C, com gestão privada ou social, nas zonas com maior défice de cobertura.

Apesar das dificuldades, a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, garante que “todos os dias há mais cidadãos com médico de família”. Contudo, reconhece que há regiões “mais desprotegidas” e aponta o crescimento da população estrangeira residente como um dos desafios a enfrentar.

Em comparação com o mesmo mês de 2024, o número de utentes sem médico de família aumentou em mais de 42 mil. O valor registado em maio só é ultrapassado pelo pico de maio de 2023, quando mais de 1,75 milhões de pessoas estavam sem acesso a um especialista nos cuidados de saúde primários.

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BRUNO HORTA SOARES
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