O filme acompanha Filomena, que vive sozinha numa aldeia do interior rural de Portugal e acaba de saber que não lhe resta muito tempo de vida. A sua neta Laura, uma jovem de 20 e poucos anos, criada e educada por ela, aparece inesperadamente em sua casa. As duas partilham memórias de infância e juventude, até ao momento em que Laura saiu para estudar em Lisboa. Uma discussão sobre o possível regresso da mãe de Laura instala a dúvida: será a doença a afetar a perceção de Filomena ou haverá algo mais em jogo?
A realizadora Joana Alves é licenciada em Cinema e tem uma pós-graduação em Realização. Iniciou a carreira com a curta “Crime Perfeito” (2016) e colaborou com a produtora beActive em projetos como “Gabriel” (2019) e “A Família Ventura” (2017). Em 2023, realizou o falso documentário “#SemFiltro”. “Porta-te bem” (2024) é o seu mais recente trabalho, centrado na complexa relação entre avó e neta no Portugal rural.
A vitória da produção portuguesa foi anunciada ontem à noite, na gala de encerramento do festival, realizada no Teatro López de Ayala. O prémio, no valor de três mil euros, garante à curta-metragem vencedora a qualificação direta para os Prémios Goya e Feroz, reforçando o estatuto do evento como uma referência no circuito ibérico de curtas. “Porta-te bem” arrecadou ainda o prémio de Melhor Música Original.
A edição deste ano destacou-se pela diversidade de propostas e pela qualidade dos participantes, tendo contado com um júri de elevado nível, que incluiu, entre outros, o realizador português Rui Pedro Sousa.
O Prémio do Público em Badajoz foi atribuído ao filme “À Medida que Fomos Recuperando a Mãe”, do também português Gonçalo Waddington. Em Olivença, o filme mais votado foi “Ne Me Quitte Pas”, de Karim Hoo Do, enquanto em San Vicente de Alcántara venceu a comédia “All You Need is Love”, de Dany Ruz. Já o Prémio do Público Infantil distinguiu “Lights”, de Aitana Cantero e María Isabel Sáiz, que conquistou o público mais jovem com “uma história simples e luminosa”.
O Prémio Luis Alcoriza do Júri Jovem, atribuído por um grupo de jovens selecionados pela Academia Europeia e Ibero-Americana da Fundação Yuste, foi entregue a “De Sucre”, de Clàudia Cedó. A mesma produção valeu a Andrea Álvarez o Prémio de Melhor Interpretação Feminina, atribuído pela AISGE, pelo papel de María, uma jovem com deficiência intelectual.
O cinema catalão também se destacou com “El Príncep”, de Alex Sardá, distinguido com os prémios de Melhor Realizador e Melhor Interpretação Masculina, atribuídos a Sardá e Enric Auquer, respetivamente. A obra recebeu ainda o Prémio AEC de Melhor Fotografia, da autoria de Artur-Pol Camprubí.
O Prémio de Melhor Argumento foi entregue ao cineasta português Gonçalo Almeida, por “Atom & Void”. Já o Prémio Alejandro Pachón, de Melhor Música Original, distinguiu Miguel Vilhena, também por “Porta-te bem”, consolidando a forte presença do cinema português nesta edição.