“Olhamos, na Igreja, para este fenómeno, com muita preocupação”, afirmou D. Fernando Paiva, bispo de Beja, em entrevista ao jornal “Diário do Alentejo”. “É uma situação que, não sendo exclusiva do Alentejo, tem aqui algumas especificidades, nomeadamente, o facto de [grande parte dos imigrantes] serem, sobretudo, trabalhadores que vêm para o setor agrícola, com toda a questão da sazonalidade que lhe está associada, o que cria dificuldades acrescidas”.
O prelado considera que a dimensão do problema exige ação a vários níveis. “Claro que o problema é de tal dimensão que requer intervenções aos níveis legislativo, intervenção das autoridades de fiscalização das condições de trabalho e de habitação…”, sublinhou.
No plano diocesano, garante, há já trabalho feito. A Cáritas Diocesana de Beja tem desempenhado um papel ativo, com um serviço específico de apoio a migrantes. Além disso, as paróquias da região têm dado resposta a situações de emergência social, por exemplo quando a sazonalidade agrícola empurra trabalhadores para o desemprego e para a privação. “Tenho conhecido, e incentivado, a ajuda requerida por trabalhadores que, devido à sazonalidade, ficam desempregados, sem terem o que comer.”
A diocese tem também procurado dar resposta à barreira linguística, promovendo aulas de Português com o apoio de professores voluntários. A este esforço junta-se o apoio espiritual: “Existe a promoção do apoio espiritual junto das comunidades, indo ao seu encontro, tentando integrá-las nas paróquias e, inclusive, nas dinâmicas da pastoral juvenil. Ainda recentemente presidi a celebrações do crisma em Ferreira do Alentejo e mais de metade dos que o receberam eram jovens timorenses”.
A presença crescente de fiéis vindos de outros países tem, segundo o bispo, revitalizado as comunidades católicas locais: “Estamos a perceber que vai havendo cada vez mais gente, de várias comunidades, que se vão integrando nas nossas comunidades católicas, revitalizando-as com a sua presença e juventude”.