Obras para linha de alta tensão prosseguem, apesar de decisão judicial

Uma providência cautelar para suspender os trabalhos de instalação de uma Linha de Muito Alta Tensão entre Ferreira do Alentejo e Sines foi admitida pelo tribunal, mas a associação que a interpôs alega que as obras continuam.

Em comunicado, a Associação ProtegeAlentejo lembra que o Tribunal Administrativo e Fiscal (TAF) de Beja admitiu a providência cautelar, com despacho proferido no dia 17 deste mês. No despacho é determinada “a citação das entidades responsáveis com expressa referência ao artigo 128.º do Código de Processo nos Tribunais Administrativos (CPTA)”.

A ProtegeAlentejo assinala que o número um do artigo 128.º do CPTA “proíbe a execução ou continuação de atos administrativos suspensos, salvo resolução fundamentada”, que, até agora, “não foi emitida nem comunicada por qualquer entidade competente”.

No comunicado, a associação realça que, apesar da suspensão judicial, as obras da Linha de Muito Alta Tensão (LMAT), com uma capacidade de 400 kV (quilovolt), “continuam a ser executadas no terreno”. E explica: “Imagens e vídeos recolhidos nos dias seguintes ao referido despacho, e agora analisados, demonstram de forma clara e inequívoca a continuação dos trabalhos de implantação da infraestrutura elétrica”.

Perante a situação, a associação exige o cumprimento imediato da decisão judicial com paralisação total e urgente dos trabalhos no terreno e a intervenção da inspeção-geral competente para fiscalização e aplicação de sanções aos responsáveis. Além da reposição das condições legais e ambientais violadas, com o eventual apuramento de responsabilidades civis e criminais.

A associação revela que já apresentou formalmente junto do tribunal uma denúncia sobre a continuidade da obra, justificando que “não pode haver justiça administrativa eficaz se as suas decisões forem ostensivamente ignoradas no terreno”.

Segundo a ProtegeAlentejo, a linha no eixo Ferreira do Alentejo – Vale Pereiro – Sines “atravessa zonas de grande sensibilidade ecológica, incluindo áreas agrícolas, florestas autóctones e povoamentos de sobreiro e eucalipto”, sendo que “algumas das imagens demonstram destruição de coberto vegetal, movimentação de terras e utilização intensiva de maquinaria pesada em território classificado como montado, o que agrava ainda mais os impactos sobre os ecossistemas locais”.

A Associação ProtegeAlentejo é constituída, entre outros, por residentes das freguesias de São Domingos e Vale de Água, no concelho de Santiago do Cacém, distrito de Setúbal, que se opõem à construção de uma central fotovoltaica naquela zona.

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