Para lá da esquerda e da direita: o que deveríamos exigir de um Presidente da República?
Nas conversas políticas e nos programas de comentário ouço repetidamente a insistência em catalogar os candidatos presidenciais como “de esquerda” ou “de direita”. Esta grelha simplista, que talvez sirva para a disputa partidária, pouco ou nada acrescenta à verdadeira missão que deveríamos exigir de quem se propõe ser Presidente da República.
Mais do que quaisquer outras, as eleições presidenciais deveriam ser despartidarizadas. O Presidente da República não governa nem lidera maiorias parlamentares. A sua função é representar a unidade do Estado, ser guardião da Constituição e atuar como árbitro sereno, mas firme, quando o país enfrenta dilemas.
A polarização política pode até servir interesses partidários ou mediáticos, mas é um obstáculo sério à procura de soluções reais para melhorar a vida de cada um e o funcionamento de Portugal. Num tempo de desafios complexos — das alterações climáticas à coesão social, da economia global à saúde mental das populações, e dos conflitos geopolíticos que afetam diretamente o nosso país — precisamos de líderes que consigam unir, não dividir.
O que precisamos é de alguém com mundo, com alma, com energia, com autenticidade, com cultura, com um humanismo fundamentado e com experiência de vida diversificada e significativa. Pessoas capazes de lutar com as regras que existem, mas que não se deixem aprisionar por interesses que não sejam os da verdade, do realismo e do bem comum.
O futuro de Portugal não se constrói com etiquetas herdadas de séculos passados. Constrói-se com visão, coragem e uma profunda consciência de que a Presidência da República deve servir todos os portugueses — e não apenas uma parte.