De acordo com os resultados da 1.ª fase do Concurso Nacional de Acesso ao Ensino Superior, ficaram colocados cerca de 43 mil candidatos, entre os quais 1.548 beneficiários do escalão A de Ação Social Escolar (ASE). A maioria destes estudantes (1.123) entrou através do contingente prioritário criado em 2023 para reforçar a presença de jovens de famílias desfavorecidas no ensino superior. Ainda assim, a participação continua a ser reduzida e em queda face ao ano anterior.
Os dados oficiais mostram que, em 2024, tinham ingressado mais 107 estudantes com ASE A e mais 55 através do contingente especial. Este ano, 119 candidatos não conseguiram um lugar, mesmo tendo concorrido por esta via.
Estes alunos disputam entre si 2% das vagas de cada curso – ou, no mínimo, duas vagas –, sem ocuparem os lugares destinados ao regime geral de ingresso. Para além de cumprirem as condições de acesso exigidas a todos os candidatos, têm colocação prioritária.
A reduzida presença de estudantes de meios socioeconómicos mais frágeis no ensino superior tem sido destacada em vários estudos, que sublinham a maior incidência de reprovações e desistências entre os mais pobres. Pelo contrário, os jovens de famílias mais privilegiadas são maioria nos cursos com notas de entrada mais elevadas.
Foi para contrariar este cenário que o Governo criou, em 2023, um contingente prioritário para alunos carenciados. A medida permitiu duplicar nesse ano o número de beneficiários, com 2.800 jovens a ocupar uma vaga. Contudo, uma investigação da Edulog – Fundação Belmiro de Azevedo, publicada no início de 2025, concluiu que o mecanismo continua a ser pouco utilizado. Ainda assim, revelou que sem esta quota, 41% dos estudantes com escalão A não teriam conseguido entrar nos cursos em que foram colocados, por não terem nota suficiente.
O Ministério da Educação assegura agora que, para garantir melhores condições de arranque do ano letivo, as bolsas de estudo dos beneficiários até ao 3.º escalão serão antecipadas para a fase de colocação, “que será decidida e notificada de imediato”.
“Em seguida serão decididas e notificadas as relativas à atribuição das bolsas +Superior, que visam apoiar a frequência do ensino superior e contribuir para a fixação de jovens em regiões do país com menor procura e menor pressão demográfica”, acrescenta a tutela em comunicado.
Nesta 1.ª fase, o número de colocados em instituições localizadas em regiões de baixa procura caiu 21,1%, havendo agora 10.151 estudantes nessas zonas. Quanto aos restantes contingentes prioritários, ficaram colocados 152 alunos com deficiência e 304 através das vagas destinadas a emigrantes, familiares e lusodescendentes.
Este ano houve ainda menos nove mil candidatos a concurso, o que resultou numa redução de 12,1% de colocados em relação a 2024. Dos quase 50 mil concorrentes, cerca de 43 mil conseguiram uma vaga, o que corresponde a uma taxa de colocação de 90%.
Texto: Alentejo Ilustrado/Lusa | Fotografia: Arquivo/D.R.