O espetáculo, que ficará em cena até 15 de junho (exibições de quarta-feira a sábado, às 21h30), conta com
encenação de Figueira Cid e interpretação de Apollo Neiva, Elsa Pinho e Matilde Magalhães. Segundo a produção, em cena está Salima, a mãe, “carregada de lembranças dolorosas do caminho que teve de percorrer para traçar o seu próprio destino”, e Nina, a filha, “a viver uma crise identitária da adolescência, deslumbrada com uma personagem misteriosa que conhece no Facebook e lhe propõe viver uma aventura extraordinária a seu lado”.
“Como pode uma adolescente bem comportada, bem-educada, bem protegida pela mãe, cair numa máscara pseudo-religiosa de uma aventura extraordinária e todo-poderosa”, interroga o autor, Ahmed Madani, acrescentando outras perguntas como ponto de partida para o texto, da forma “como reage uma jovem mãe que conseguiu libertar-se do peso da tradição, da religião e da família ao que considera uma traição à sua luta pela liberdade” ou as possibilidades de diálogo entre estas duas gerações de mulheres.
“Este parece-me ser um verdadeiro tema social em que a ficção e a poesia podem encontrar uma forma de expressão que não deixará de repercutir nos espectadores”, sublinha Ahmed Madani, segundo o qual “evocar fingimentos, manipulações, aparências, espiritualidade, exaltação, amor, amizade, morte para falar da solidão e da desorientação de uma jovem que procura o seu lugar num sociedade frágil é uma tarefa emocionante, desde que possa ser neutralizada através do riso e da teatralidade”.
Peça escrita em 2018, depois publicou “Incandescências” (2020) e “Em Nome do Pai” (2021) [tradução livre], Ahmed Madani é um escritor francês nascido na Argélia em 1952, autor de uma vasta obra essencialmente dramatúrgica. Em 1985 fundou a Madani Compagnie, a partir da qual “questiona o nosso mundo contemporâneo em mudança”.
“Encontrei Deus no Facebook” insere-se num conjunto de seis peças no qual “dá voz a jovens de bairros populares cujos pais viveram no exílio”, iniciado em 2012 com “Iluminações”, a que se seguiu “Ando à Noite por um Caminho Maligro” (2014) e “F(l)ammes” (2016), criações que em França registaram mais de 350 apresentações.
Fotografia: ©Luís Cutileiro