O anúncio da criação da plataforma foi feito esta quarta-feira, em reunião pública da Câmara de Évora. “Não fomos tidos nem achados em nada disto”, lamentou Ana Barbosa, empresária e porta-voz da plataforma, considerando que “não se pode permitir” o avanço dos projetos: “É um atentado a todas as pessoas que moram naquela região, como é um atentado a todas as empresas que operam no turismo de natureza e no turismo cultural nesta região”.
Lembrando que tanto o Turismo de Portugal como a Câmara de Évora deram pareceres negativos aos projetos, Ana Barbosa disse que a instalação destas duas mega centrais fotovoltaicas provocaria “danos irreversíveis sob o ponto de vista turístico para as próximas décadas”.
Além de ser uma zona “extremamente habitada”, moradores e empresários criticam a escolha do local, associando-a à proximidade de uma subestação elétrica, projetada para “apoiar” a linha de caminho de ferro, posteriormente desviada mais para sul. “Não temos de ser nós a pagar o preço desse erro, haverá muitas maneiras de rentabilizar aquela subestação que não estraguem a paisagem”, sublinhou Ana Barbosa, garantindo que a plataforma irá avançar com uma contestação em tribunal para tentar travar os projetos.
Para essa luta poderá contar com o apoio do Município de Évora. “Acho bem que se avance com a contestação”, defendeu o presidente da Câmara, Carlos Pinto de Sá, confirmando que a autarquia deu um parecer desfavorável à instalação destas centrais para produção de energia solar junto à Barragem do Divor.
“Ter o Alentejo com paisagens de painéis fotovoltaicos é manifestamente contra a nossa identidade”, referiu Carlos Pinto de Sá, assegurando que a Câmara “acompanha as preocupações dos moradores e das empresas” ali instaladas. Segundo o autarca, “não é aceitável” que o projeto possa ser concretizado apesar do parecer negativo do Município: “A contestação deve avançar e daremos o apoio necessário”.
Um destes projetos, consultado pela Alentejo Ilustrado, refere que a área da central fotovoltaica e do corredor da linha elétrica totaliza 1 008,5 hectares, sendo que a área de implantação da central fotovoltaica é de 350 hectares, estimando-se que serão produzidos cerca de 554 mil MWh/ano.A sua construção envolve diversos impactos ambientais, obrigando ao abate de 564 azinheiras e 20 sobreiros.
Fotografia: ©Arquivo|Pixabay