A obra, recentemente incluída no Plano Nacional de Leitura, dirige-se a um público-alvo dos 6 aos 10 anos, mas que devido à sua índole preponderantemente filosófica pode, também, ser lido por qualquer adulto, que se interesse pela jornada do autoconhecimento e que esteja aberto à mudança de perspetiva.
A autora, Teresa Revez, afirma no próprio título que este “não é um livro”, mas sim um presente em forma de livro, resultado das várias sessões de leitura que partilha com o seu filho, e de onde surgiu a ideia de escrever este texto, que explora de forma muito curiosa a capacidade infindável de atingir objetivos se eliminarmos o conceito de “impossível”.
A narrativa desenvolve-se como se de uma carta se tratasse e funciona como um depoimento sobre o papel da criatividade e da arte no desenvolvimento dos jovens, tendo como alicerce central a boa relação parental que incentive o gosto pela cultura e pela criação artística.
O ponto de partida é uma vela de aniversário com o número oito, que a autora afirma ser uma personificação de cada um de nós e que despoletou uma reflexão sobre a mudança substancial das coisas consoante a perspetiva que utilizamos para as analisar: “Um dia ou dia um? Dia primeiro? Há dias em que se mudarmos a perspetiva, um oito pode ser o infinito”.
Repleto de contos, fábulas e narrativas, o “Infinito (isto não é um livro)” aborda temáticas como a diferença, o vazio ou o crescimento, e relaciona conceitos como a valentia, a criatividade e a tenacidade. À partida, estas ideias podem parecer complexas de explicar a uma criança, todavia, a autora, faz essa ponte através de metáforas e da desconstrução dos conceitos.
Teresa Revez recusa a aproximação à literatura de “auto-ajuda”, afirmando que com este livro pretende fomentar a reflexão sobre “que parte de nós pode pensar que alguma coisa nos impede” e, em última instância, conduzir à mudança. Faz, também, um apelo à valorização das pequenas coisas, como as rotinas e os simbolismos ocultos, afirmando que “a vida tem estas poesias e este livro é precisamente sobre isso”.
Sendo esta obra o resultado de um “caminho leitor” entre mãe e filho, fez-lhe todo o sentido incluir os filhos em todo o processo, inclusive na ilustração. Esta resultou de um trabalho coletivo que nasceu da união da pintura com a fotografia e a colagem, que a autora relata com carinho, revelando que o processo permitiu que o livro esteja repleto de simbolismos resultantes da sua relação com os filhos e do seu crescimento enquanto pessoas.
Ainda nesta tarefa, Teresa Revez acrescenta, também, um hashtag, de forma a disseminar a dita mensagem. O #nadateimpede remete para a força das histórias que lemos e nas quais nos conseguimos ler.