Arte no Museu Aberto. Exposição reúne trabalhos de 22 artistas

Uma exposição coletiva de arte contemporânea convida à descoberta do trabalho de 22 artistas. É uma mostra que percorre vários espaços da freguesia de Monsaraz, entre os convencionais e os inesperados.

Mariana Duarte Santos é uma artista plástica especializada nas técnicas de gravura, desenho e pintura, cujo trabalho de criação artística a levou à arte pública, através da pintura de murais de grande escala. Prémio Pessoa, José M. Rodrigues é um dos mais prestigiados fotógrafos portugueses. Bárbara Assis Pacheco é licenciada em arquitetura e filosofia, “faz desenhos e coisas”. 

Os três integram uma exposição coletiva de pintura, desenho e cerâmica, com curadoria de Rui Afonso Santos, que reúne trabalhos de 22 artistas contemporâneos, e que se encontra patente em diversos locais da freguesia de Monsaraz, uns mais convencionais, como o posto de turismo, o Convento da Orada ou o Museu do Fresco, outros menos óbvios, como a Moagem Sem-Fim, restaurantes e padarias ou a Loja da Fabricaal, na rua dos Celeiros, um espaço dedicado às mantas tradicionais de Reguengos e à tecelagem.

Entre os artistas com trabalhos expostos estão também Mariana Herédia [é sua a pintura cuja fotografia ilustra este artigo], Gloria Perez Cruz, nascida em Girona e que vive e trabalha em Monsaraz, Ivo Andrade, que nesta série de trabalhos “usa cinzas de incêndios florestais e estrume de raças autóctones de ovelhas como matéria e símbolo para apresentar paisagens, que ainda que despidas e áridas”, entre muitos outros. 

Trata-se de uma das grandes apostas da edição deste ano do Monsaraz Museu Aberto. 

Percorrer os vários espaços, descobrir os diversos artistas e as várias propostas de criação artística é também um convite à descoberta da freguesia onde o festival decorre e à reflexão sobre a temática que lhe dá o mote, “Eu sou devedor à terra”, um dos mais emblemáticos versos do cante alentejano.
São artistas “geracionalmente diversificados e que exploram linguagens visuais distintivas”, refere o curador Rui Afonso Santos, no catálogo da exposição, onde nos conduz pelos diversos trabalhos, a começar pela instalação de João Belga, na Igreja de Santiago, onde o tema de paisagem “é imediatamente convocado” através de um “paciente trabalho de pintura de 136 camadas visuais sobrepostas, executado durante a pandemia, no qual a memória da paisagem na cultura ocidental é informada pelo cinema, música e literatura, podendo o seu registo da sua progressão ser diretamente observado em vídeo, em ambiente sonoro expressamente concebido”. 

Também na pintura de João Fonte Santa, “um dos artistas mais representativos da sua geração”, cujo trabalho se encontra exposto igualmente na Igreja de Santiago, “um sentido de crítica social interventiva se oculta sob as suas sedutoras pinturas, servidas por um desenho virtuoso, onde explora a multiplicação de instâncias produtoras de imagens, as modalidades da sua circulação na cultura de massas e a legibilidade ideológica desses processos de criação e difusão”. 

Ainda na Igreja de Santiago, os “poderosos” desenhos de Miguel Palma mostram uma paisagem “fragmentada, em tensão de  imagens denunciadoras de desequilíbrios ecológicos desenfreados (…) num discurso de pesquisa sociológica de profundas indagações humanistas que busca o equilíbrio essencial à sobrevivência do planeta”.

“No desenho igualmente virtuoso de António Faria”, no Museu do Fresco, escreve Rui Afonso Santos, “a paisagem e sua fragilidade surge fragmentada, em enquadramentos fotográficos, nas suas múltiplas variantes, vegetal e animal, sobre um pantone, registo do artista, que é também gráfico de referência, na necessidade absoluta da sua preservação”. 

Sendo a lista extensa, apenas mais dois destaques, ambos para artistas nascidos em Évora. António Labaredas, que vive e trabalha nas Caldas da Rainha, mostra no posto de turismo de Monsaraz peças em cerâmica, nas quais “evoca a pintura mural, sugerindo o solo primacial”, enquanto Alice Geirinhas, na Casa da Praça, reúne um conjunto de desenhos nos quais “evoca a sucessão animal do tempo e a condição, à qual subjazem temáticas feministas de cariz de pesquisa sociológica”.

PROGRAMAÇÃO PARA HOJE

Alfredo Cunhal Sendim, da Herdade Freixo do Meio, e o ensaísta António Guerreiro sentam-se para conversar sobre “Alentejo – Agricultura, paisagem e despovoamento”. Será esta tarde (17h00), na Igreja de Santiago. A programação para hoje prossegue pelas 19h00 com um “percurso ilustrado” por Monsaraz, pelo Cromeleque de Xerez e pelo Convento da Orada, uma caminhada com performance, concerto e jantar. A partir das 22h00 a Moagem Sem-Fim será palco para a música de João Hasselberg

Partilhar artigo:

edição mensal em papel

Opinião

PUBLICIDADE

© 2024 Alentejo Ilustrado. Todos os direitos reservados.

Desenvolvido por WebTech.

Assinar revista

Apoie o jornalismo independente. Assine a Alentejo Ilustrado durante um ano, por 30,00 euros (IVA e portes incluídos)

Pesquisar artigo

Procurar