Quando os bombeiros de Vila Viçosa, Estremoz e Borba chegaram ao bairro das Quintinhas, em Estremoz, para combater um incêndio rural, foram recebidos à pedrada. Não houve feridos, mas uma das viaturas da corporação de Vila Viçosa ficou danificada.
“Repudiamos estas atitudes aos nossos operacionais que vão com a sua missão e responsabilidade de ajudar quem precisa”, disse o comandante dos Voluntários de Vila Viçosa, Nuno Pinheiro, recordando que, à chegada, um grupo de populares estava a “dificultar” a passagem dos bombeiros, acabando por atirar pedras sobre a viatura.
“[Os nossos operacionais] foram recebidos com pedradas, danificando o veículo”, assinalou ainda Nuno Pinheiro, sublinhando, no entanto, que o maior dano “é na moral dos bombeiros”, ao serem confrontados com este tipo de situações quando se encontram numa missão de socorro. “Uma palavra de apreço aos bombeiros que se encontravam no serviço e [demonstraram] coragem de enfrentarem estas situações [para as quais] não estão preparados”, concluiu.
Recorde-se que o bairro das Quintinhas é habitado por mais de 300 pessoas, a viverem em barracas sem acesso à rede de abastecimento de água ou de saneamento, estando previsto o seu realojamento no âmbito do Plano Local de Habitação.
“Manifesto o meu total repúdio perante o sucedido, bem como o agradecimento e a solidariedade aos efetivos das corporações envolvidas”, disse em comunicado o presidente da Câmara de Estremoz, José Daniel Sádio, acrescentando ter contactado com os comandantes das três corporações a quem prestou “total solidariedade” e “agradecimento” pelo trabalho realizado.
“Perante os mesmos, manifestei o meu total repúdio pelo ocorrido e a disponibilidade do Município para fazer face aos danos sofridos”, acrescenta José Daniel Sádio, garantindo que a ocorrência foi participada à Polícia Judiciária, “órgão competente para a investigação e apuramento de responsabilidades perante o incidente ocorrido”.
O presidente da Câmara de Estremoz convocou ainda, “com caráter de urgência”, uma reunião do Conselho Municipal de Segurança, que decidiu solicitar ao comando distrital da PSP de Évora o reforço do policiamento na zona do bairro das Quintinhas e pedir uma audiência à ministra da Administração Interna.
Também o presidente da Câmara de Vila Viçosa, Inácio Esperança, lamentou o ocorrido, anunciando que “vai solicitar explicações à Associação Nacional de Emergência e Proteção Civil e ao Ministério da Administração Interna sobre as medidas tomadas relativamente a este ataque e o que pensam fazer para evitar este tipo de incidentes no futuro”.
“Este vil ataque é preocupante pois não é a primeira vez que ocorre e mostra a falta de segurança que os corpos de bombeiros sentem, no desempenho da sua missão em zonas onde residem cidadãos de etnia cigana”, escreveu Inácio Esperança na sua página de Facebook, acrescentando ter visitado os Bombeiros de Vila Viçosa “ para com eles se solidarizar e para se inteirar dos danos causados pelo apedrejamento de que foram vítimas”.
Além de “repudiar firmemente estas atitudes”, a Federação dos Bombeiros do Distrito de Évora emitiu uma nota onde “considera lamentável estes acontecimentos sucessivos que agridem e põe ainda mais à prova o espírito de voluntário e profissionalismo” dos bombeiros.
Recorde-se que em março passado um bombeiro foi agredido e outros foram insultados e ameaçados no quartel de Mourão por um familiar de um homem feri- do que pedia socorro, num caso que ainda não teve desfecho judicial.
