José Alberto Fateixa: “1X2, prognósticos só no fim”

A opinião de José Alberto Fateixa, professor

O mundo em que vivemos atravessa tempos de grande complexidade e imprevisibilidade a nível político, económico e social, que têm implicações na vida de todos nós e que nos devem preocupar e fazer refletir.

O verão que é tendencialmente o período de férias para a maioria de todos nós, em que “desligamos” dos problemas do dia-a-dia, mas pode ser mo- mento oportuno para meditar sobre algumas questões que deixo aqui em aberto.

1. Em vários pontos do globo têm surgido avanços do radicalismo de direita e de extrema-direita com a assunção de governantes autocráticos, com opções autoritárias e até ditatoriais. Assistimos a uma repetida disseminação de mentiras, quer na comunicação social, quer nas redes sociais, que visam manipular as opiniões públicas, descredibilizar os edifícios democráticos, estimular confrontos e uma permanente tensão social, abrindo caminho a uma desregulação relacional, que favorece a riqueza de muito poucos à custa da imensa maioria da população.

Estes factos, levam a que em 2024 as eleições sejam ainda mais decisivas na escolha entre os protagonistas de correntes radicais extremistas e autoritários versus outros que agem defendendo a liberdade e a democracia liberal.

Será ainda possível aos democratas desvalorizar diferenças e reforçar proximidades para concentrar votos na rejeição do populismo radical? Serão alcançáveis acordos governativos que se concentrem na resolução dos problemas e no progresso das sociedades democráticas?

2. Os Estados Unidos da América (EUA) têm uma significativa relevância no mundo e a sua ação geoestratégica é determinante, a nível mundial, quer nas relações entre países, quer nas relações entre pessoas. Se Trump for eleito Presidente dos EUA, com a sua mensagem de “tornar a América grande novamente”, isto significa que os EUA se vão isolar e reforçar barreiras nas ligações com os outros países, traduzidas em mudanças no seu posicionamento a nível militar, industrial, comercial, agrícola, social, cultural, científico, das migrações, entre outros.

É previsível que os EUA desloquem o seu foco político do oceano Atlântico para o Oceano Pacífico, que valorizem a China e desvalorizem a influência global da Europa Democrática, com a aceitação da entrega de territórios europeus à Rússia. Face a este possível cenário, como irá a Europa reagir nas suas opções futuras perante estes desafios geoestratégicos?

3. O projeto de criar uma união de estados democráticos europeus após a II Guerra Mundial que conjugasse vontades plurais em torno de valores fundamentais como a liberdade e a democracia, com o propósito de possibilitar a construção de uma comunidade de países desenvolvidos (económica e socialmente) conseguirá renovar-se e resistir quer a líderes autocráticos no seu interior quer a novos posicionamentos geopolíticos globais?

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