Edifícios do centro histórico de Évora vão produzir eletricidade

Telhas solares mantêm a aparência tradicional, mas estão equipadas com células fotovoltaicas capazes de transformar a energia do sol em eletricidade. Projeto é liderado pela EDP.

O projeto iniciou-se pelo edifício dos Paços do Concelho, atualmente em obras, mas outros edifícios do centro histórico de Évora vão ser equipados com “telhas solares” para produção de energia fotovoltaica. Entre estes edifícios incluem-se o mercado municipal, a Arena d´Évora ou o Teatro Garcia de Resende, mas também as escolas de São Mamede e do Rossio.

A instalação deste sistema enquadra-se no âmbito do projeto POCITYF, cujo investimento 22,5 milhões de euros é financiado pelo programa de investigação e inovação H2020 da União Europeia e é liderado pela EDP. O objetivo é “ajudar” as cidades históricas a tornarem-se mais verdes e inteligentes ao mesmo tempo que respeitam o seu património cultural.

Em declarações ao “Jornal Económico”, João Maciel, administrador da EDP, explica que a Câmara de Évora irá “disponibilizar terrenos” para a construção de uma central fotovoltaica comunitária com um máximo de cinco megawatts (MW).

“Está em fase final de lançamento de concurso. Em troca desse acesso a esses terrenos, a contrapartida para a Câmara Municipal é que vão ter de fornecer energia a um custo limitado aos clientes”, refere João Maciel, acrescentando que “entre o final deste ano e primeiro trimestre do próximo” a maioria das “soluções deverá instalada”.

Ainda de acordo com João Maciel, trata-se de “soluções fotovoltaicas integradas ou invisíveis, que sejam imersas no património. Em particular, soluções como telhas solares, que nós instalámos, por exemplo, nos Paços do Concelho [de Évora]. São telhas que são iguais às telhas [convencionais], até já com um aspecto envelhecido, e são instaladas como se fossem telhas”.

Neste caso, refere a Câmara de Évora, as telhas solares fotovoltaicas já foram instaladas e permitirão produzir 43 megawatts-hora por ano, destinados a autoconsumo do edifício. 

“Este é o primeiro dos edifícios que no centro histórico de Évora irão estar equipados com sistemas de captação de energia solar, adaptados às caraterísticas específicas de um património histórico protegido”, refere a autarquia, explicando que as novas telhas assemelham-se às utilizadas nos restantes edifícios “pois mantêm a cor terracota e o formato tradicional”. 

No entanto, as semelhanças terminam aí. “São telhas solares compostas por material que deixa passar a luz, ficando as células fotovoltaicas localizadas no interior de módulos, fora do campo de visibilidade a partir do exterior dos edifícios. Trata-se de um produto inovador dotado de tecnologia avançada que, após testes iniciais bem-sucedidos, se concluiu ser o mais adequado para os telhados de Évora”, avança ainda a autarquia.

Esta tecnologia começou a ser desenvolvida há 10 anos em Vicenza (Itália), cidade igualmente classificada como Património da Humanidade, por uma empresa familiar fundada por Giovanni Battista Quagliato, com o  propósito de “manter a memória arquitetónica” das cidades históricas, em cujos telhados começaram a surgir painéis fotovoltaicos. Toda a tecnologia é artesanal e as telhas, mantendo a aparência tradicional em terracota, possuem células fotovoltaicas capazes de transformar a energia do sol em eletricidade. 

Além de Vicenza, já foram igualmente colocadas em edifícios históricos como a Casa dos Vécios, uma das mais célebres e luxuosas residências da antiga cidade romana de Pompeia.

Partilhar artigo:

edição mensal em papel

Opinião

PUBLICIDADE

© 2024 Alentejo Ilustrado. Todos os direitos reservados.

Desenvolvido por WebTech.

Assinar revista

Apoie o jornalismo independente. Assine a Alentejo Ilustrado durante um ano, por 30,00 euros (IVA e portes incluídos)

Pesquisar artigo

Procurar