Petição apela à Câmara de Portalegre para comprar bairro histórico

Uma petição apela à Câmara de Portalegre para comprar a Vila Nova, um “bairro cheio de vida, tradições e cumplicidades”, que os proprietários colocaram à venda.

No texto, os moradores recordam a história deste bairro periférico, construído há mais de 50 anos, “quando a cidade acabava no Semeador”, em resultado da vontade do benfeitor, Joaquim Lopes Pires, ainda hoje conhecido por “Joaquim da Bola”. Um bairro “pobre”, sublinha, “em que na maioria das casas existia apenas uma sala/cozinha de entrada e dois pequenos quartos” e onde se “criaram famílias de 14 e 15 pessoas”.

Segundo lembra a petição, apesar de se tratar de um bairro periférico, “habitado por operários e assalariados do trabalho agrícola, gente pobre, mas gente trabalhadora e por todos estimada”, daqui saíram “enfermeiros, médicos, engenheiros, professores” entre outros profissionais.

A Vila Nova foi também um bairro de artífices. “Muitas e diferentes artes aqui se praticaram, sendo fácil hoje lembrar o sapateiro, o latoeiro, o carpinteiro, a costureira ou o ferreiro. Bairro pleno de vida conhecido pelos bailes da Rua de Cima, pelo Enterro do Santo Entrudo no largo da Rua de Baixo ou pela sua Marcha, tradições agregadoras de uma identidade”, refere a petição, acrescentando que o isolamento “beneficiou a criação de relações estreitas entre os seus habitantes, sendo clara a existência de uma verdadeira comunidade que sempre se protegeu a si mesma, favorecendo uma cultura própria e singular, digna de um estudo sociológico”.

Considerando que do ponto de vista da arquitetura se trata “de um bairro único” na cidade de Portalegre, “o último com uma traça tipicamente alto alentejana, do qual sobressaem as suas enormes chaminés”, e que foi publicidade a sua venda, a petição pede à Câmara de Portalegre que intervenha “na preservação deste património arquitectónico, social e cultural”, procedendo à classificação da Vila Nova como Património de Interesse Municipal.

No texto é ainda proposta a aquisição do bairro por parte da autarquia, considerada a “única forma de preservar uma história e um património demasiado valioso, que deve ser dado a conhecer às gerações futuras de Portalegre; assegurando o espaço habitacional existente”.

Os peticionários sugerem ainda que, além da função habitacional, o espaço possa acolher oficinas de artesãos e de artistas, “dando vida ao bairro e potenciando-o como espaço de conhecimento”. 

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