Chama-se “Manifesto pela Transparência e Solidariedade”. É um documento, assinado por autarcas, militantes e “simpatizantes” do PS de Santiago do Cacém, publicado contra uma decisão da concelhia… do PS. Se a decisão de retirar a confiança política à vereadora não for revertida, os autarcas ameaçam renunciar ao mandato.
Dizem os 58 subscritores do manifesto, entre os quais Tiago Lopes, vereador na Câmara de Santiago do Cacém, e Manuel Mourão, presidente da bancada socialista na Assembleia Municipal, que a “dignidade” do partido no concelho “carece de rápida, democrática e responsável clarificação”. Em causa está a decisão da concelhia, noticiada pela Alentejo Ilustrado, de retirar a confiança política à vereadora Susana Pádua, por ter votado favoravelmente o Orçamento e o Plano de Atividades apresentado pelo Executivo da CDU.
Quem assina o manifesto começa por questões formais, dizendo que a reunião da comissão política concelhia “não continha, na sua ordem de trabalhos, qualquer ponto relativo à retirada da confiança política” a quem quer que fosse, e que houve membros suplentes a substituírem efetivos que não renunciaram ao respetivo mandato. Logo, “a ilegalidade está consumada”.
Depois, o texto passa a questões de conteúdos. De acordo com o manifesto, a proposta da retirada de confiança política a Susana Pádua (na fotografia) “está carregada de inverdades e de juízos de valor sem qualquer suporte factual” e sem ter sido dada à vereadora “a possibilidade de apresentar a sua defesa”, naquilo que classifica de “total atropelo aos princípios do Estado de Direito, que são parte inalienável da história e da estrutura genética do Partido Socialista”.
Em causa, prossegue, está “todo um processo de perseguição política que, paulatinamente, se vem manifestando desde 2021”.
Ainda de acordo com os subscritores do manifesto, “nunca na ação política” desenvolvida pela ex-vereadora e por outros autarcas eleitos pelo PS “esteve em causa o respeito pelo quadro ideológico, cultural, democrático e politicamente responsável que o Partido Socialista defende. Antes pelo contrário, em conjunto ou cada um nas suas funções, o Partido Socialista e os seus princípios foram dignamente defendidos, reforçados e o eleitorado que neles confiou, respeitado”.
No texto é ainda manifestada “solidariedade” a Susana Pádua, ao ex-vereador Artur Ceia e a três membros da União das Freguesias de Santiago do Cacém, São Bartolomeu da Serra e Santa Cruz que pediram a renúncia “por discordância com o rumo político” seguido pela concelhia do PS de Santiago do Cacém.
“Se não for revertida a decisão tomada em relação à camarada Susana Pádua, outros militantes do PS com assento na Assembleia Municipal e na Comunidade Intermunicipal do Alentejo Litoral poderão pedir a renúncia aos mandatos que detêm nos órgãos para os quais foram eleitos”, conclui.