Descobrir a zona dos mármores ao volante de uma bicicleta elétrica

Chama-se Bike2Mind - Authentic E-Bike Tours e dedica-se a passeios em bicicleta elétrica pelo concelho de Estremoz e zona dos mármores. A iniciativa de Rui Russo promete contribuir para “valorizar” a oferta turística na região. Mariana Miguéns (texto)

Quem vê o vídeo com que a Bike2Mind se apresenta na internet tanto encontra imagens de um passeio pelo núcleo histórico de Estremoz ou junto ao Paço Ducal de Vila Viçosa, como percursos por entre o montado alentejano, ou trajetos que conduzem os participantes a uma visita às pedreiras de mármore ou a uma prova de vinhos.

A empresa, recentemente constituída, surge em Estremoz com o intuito de criar roteiros turísticos e experiências sensoriais através da bicicleta elétrica, numa abordagem inovadora para a cidade que promete, por um lado, transformar e dinamizar a passagem dos turistas pela cidade, valorizando a rede de oferta turística, e, por outro, disponibilizar a quem por aqui vive novas experiências e sensações.

O projeto arrancou em agosto e, diz o promotor, Rui Russo, “já é um sucesso”. O objetivo, garante, “é divulgar a cultura e o património da nossa região promovendo os melhores hotéis, os melhores restaurantes, os melhores vinhos, como também os melhores pontos turísticos da cidade”, tanto os locais de interesse histórico, como as pedreiras ou os olivais. Tudo isto, claro, ao volante de uma bicicleta elétrica.

O arranque da operação faz-se com três tipos de passeios, sempre aos fins de semana: percursos de um dia, meio dia ou personalizados de acordo com o tempo que o cliente tiver disponível naquele dia. Além do tempo, conta também o gosto de cada um, “se prefere priorizar a parte histórica ou conhecer as adegas alentejanas e provar os vinhos”. Ou seja, “são os clientes que escolhem as áreas de preferência e a empresa trabalha com os diversos parceiros definindo um roteiro que os leve aos locais pretendidos”.

O administrador da Bike2Mind garante que além da oportunidade de negócio, numa altura em que a procura turística está em alta, houve outros fatores que o levaram a avançar, como “o amor a esta terra” ou “a descoberta” das bicicletas elétricas, enquanto “alternativa sustentável e prática para o transporte em meios urbanos”.

Pelo facto de possuírem um motor elétrico que fornece “uma ajudinha” no momento de pedalar reduzindo o esforço físico – quem nunca se viu aflito numa subida íngreme ou numa distância um pouco maior que atire a primeira pedra -, estas bicicletas acabam por se tornar “acessíveis a pessoas de diferentes idades e diferentes níveis de condicionamento físico, incluindo idosos ou pessoas com problemas de mobilidade”.

No resumo de Rui Russo: “As pessoas tendem a pensar que bicicleta é algo esforçado, muito físico, depois nas férias querem descansar… bom, esta é uma experiência mais leve”. O foco, prossegue, “é levar as pessoas a terem uma experiência agradável” nos passeios pelo concelho de Estremoz. “Já tivemos uma pessoa de 80 anos a fazer um dos percursos”. Outra aposta foi criar, tanto quanto possível, itinerários fora da estrada.

“Tentamos tirar as pessoas do alcatrão, escolher caminhos de terra batida, circulares, para nunca se repetirem os sítios por onde passamos, e desenhamos os percursos a ‘tocar’ na Serra d’Ossa, tentamos sempre incluir a Serra”, revela.

Para fazer estes circuitos, tanto o turista como os residentes, teriam sempre de ir de carro, pois a pé seria, não impossível, bastante demorado. E há pessoas que se instalam em Estremoz, mas querem, por exemplo, dar um pulo a uma das adegas do concelho ou uma volta pelos outros municípios da Zona dos Mármores.

“A bicicleta elétrica traz uma proposta mais sustentável e diferente para o fazer”, desde logo por não ser necessário recorrer a combustíveis fósseis. Acresce que o carregamento pode ser efetuado a partir de fontes renováveis, o que também ajuda a reduzir a pegada ambiental. “Esta é uma mobilidade verde, uma opção sustentável”.

Segundo o administrador da empresa, a ideia “é fazer um atendimento personalizado” a quem decidir experimentar. “Queremos estar próximos de quem nos visita, criar alternativas de percursos pela região, fugir dos itinerários turísticos ditos normais, aqueles que aparecem na internet”. Daí o slogan escolhido: “Authentic E-Bike Tours”.

Acresce que nem todas as bicicletas são adequadas a toda a gente, sendo adaptadas em função da altura e do peso de quem as irá conduzir. É que embora a assistência elétrica reduza o esforço, os ciclistas ainda precisam pedalar, num “exercício moderado” que também traz vantagens, ao contribuir para a saúde física e psicológica.

“Sim”, diz Rui Russo, “este projeto incentiva um estilo de vida mais ativo e pode substituir deslocação que, feitas de carro, impediriam os turistas de ir a certos locais que não são alcançáveis pelas estradas de alcatrão”.

Feito o arranque, há projetos a curto prazo. Um deles será lançar outros roteiros, “quero mui- to incluir Évora-Monte”, outro é “melhorar o storytelling dos percursos atuais”, que é como quem diz, afinar a narrativa dos factos históricos que permitam enquadrar os visitantes, “de uma forma leve e divertida”, com o monumento ou o local por onde estão a passar. E para o ano, se tudo correr como previsto, os percursos deixarão de acontecer apenas aos fins de semana. A ideia é ir para a estrada “sempre que o tempo o permitir”.

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