Trata-se de uma criação de Patrick Murys a partir do livro “Aldeia – Terra, Gente e Bichos” de Aquilino Ribeiro. Na peça, a sede surge “como metáfora da necessidade em encontrar uma fonte para nos irrigar como seres humanos e sociais”. É a sede física, “puxando o corpo à procura de sensações aquáticas”. Ou a alegórica, “procurando diálogo entre os corpos e os objetos para atingir tensões dramáticas numa forma orgânica”.
Num texto de apresentação de Sede, Patrick Murys assinala que descobrir a obra de Aquilino Ribeiro “foi como entrar num sonho acordado, onde as palavras abrem um espaço de significados que se respondem uma às outras como dentro de um labirinto de espelhos e vidros transparentes. Refletem ou deixam-se atravessar por temporalidades distantes e familiares ao mesmo tempo”.
Foi, aliás, Aquilino que se interrogou: “Porque há de ter menos realidade o mundo fingido ou sonhado do que qualquer outro?”.
“É esse mundo fingido, sonhado, que criámos. Uma fábula feita dessas sensações. Num espaço rasgado por vestígios de árvores e sombras do que já foi, duas mulheres chegam para fazerem desse espaço o seu lugar terra. Árvores mortas, a terra seca, infértil, é aqui que o desafio para encontrar água começa”, prossegue o encenador.
Ainda de acordo com Patrick Murys, “servindo-nos de uma linguagem teatral, onírica e principalmente visual, sustentada num discurso sensorial”, a peça “entende-se como uma performance teatral que convida os espectadores a viajarem a um universo alternativo, a um lugar de mistério.”
Texto: Alentejo Ilustrado | Fotografia: Asta/D.R.
