De acordo com o Cendrev, os dois espetáculos vão ser apresentados nas duas cidades, simultaneamente, às 21h30. Em Évora, às 21:30, o centenário Teatro Garcia de Resende vai abrir portas à cidade e convida o público a assistir ao espetáculo “A Festa”, do dramaturgo italiano Spiro Scimone, apresentado pelo Teatro das Beiras.
“A peça explora temas profundos e complexos da vida familiar e social, através de uma narrativa aparentemente simples”, resume a companhia teatral alentejana, indicando que a história desenrola-se numa casa modesta onde se nota uma desavença entre o pai e o filho adulto durante a celebração do aniversário da mãe. “Contudo, ao longo do encontro, o que começa como uma celebração jovial transforma-se num cenário de revelações e tensões ocultas”.
“A peça apresenta uma crítica subtil, mas incisiva, das dinâmicas familiares, destacando a hipocrisia, os segredos e as frustrações que muitas vezes são mascarados por um verniz de felicidade e normalidade. Os diálogos são carregados de subtexto e ironia, refletindo a complexidade e fragilidade das relações humanas”, assinala a encenadora, Maria João Luís.
Ainda de acordo com a encenadora, em “A Festa”, Spiro Scimone “consegue criar uma obra que é ao mesmo tempo humorística e trágica, levando o público a refletir sobre a natureza das relações interpessoais e os verdadeiros significados de conceitos como família, amor e celebração”.
O evento é gratuito, mas “já se encontra quase esgotado” e requer o levantamento prévio de bilhete na bilheteira física do teatro.
Em Coimbra, o clássico vicentino “Embarcação do Inferno”, uma coprodução do Cendrev com a companhia A Escola da Noite regressa ao palco do Teatro da Cerca de São Bernardo, ficando em cena até 4 de abril.
Estreado em Évora, no Teatro Garcia de Resende, em 2016, o espetáculo já soma 211 sessões e mais de 22.200 espetadores.
“Embarcação do Inferno”, baseada no “Auto da Barca do Inferno”, de Gil Vicente, é um espetáculo em que o público fica “em condições de problematizar temas de sempre”, como “morte e vida, mal e bem, ter e poder”, indicaram as duas companhias teatrais, em comunicados anteriores a propósito do espetáculo.
Para tal, “nem sequer precisamos de sair completamente do século XXI. Com os pés assentes no nosso tempo, bastará alongar o ouvido e apurar a visão para escutar a sensibilidade e a moral de um outro tempo”, resumiram.
O Cendrev e A Escola da Noite, de Coimbra, são duas das companhias nacionais que mais se têm dedicado a estudar a obra vicentina e a representar os textos daquele que é considerado o primeiro dramaturgo nacional, Gil Vicente.