O assunto foi levantado em reunião de Câmara pelo vereador José Calixto (PS), lembrando que existia o compromisso, perante os moradores da Garraia, de construção do viaduto no terceiro trimestre do próximo ano. No entanto, um despacho da Infraestruturas de Portugal (IP) veio “atirar” a obra para final de 2026 e com um custo superior. Em vez dos 750 mil euros inicialmente previstos, irá custar 1,2 milhões de euros.
“Se a obra tivesse sido incluída do âmbito da empreitada principal, imagino que não teríamos uma conta para pagar de 1,2 milhões de euros”, sublinhou José Calixto.
Na resposta, o presidente da Câmara de Évora, Carlos Pinto de Sá, lembrou que num momento inicial, apesar de o Município ter apresentado um conjunto de propostas, “entre as quais estava a do viaduto”, não foi possível “chegar a acordo” com a IP, o que só aconteceria mais tarde. “Infelizmente com um desfasamento temporal maior”, sublinhou”.
O adiamento da obra é recebido “com preocupação” pelo presidente da União de Freguesias de Bacelo e Senhora da Saúde. “Esta situação seria completamente evitada se a Infraestruturas de Portugal tivesse tido em consideração as preocupações demonstradas em fase de consulta prévia do projeto da linha ferroviária Évora-Évora/Norte”, refere Luís Pardal, acusando a Câmara de Évora de ser “parcialmente responsável” pela situação, uma vez que “sempre se assumiu como única entidade interlocutora” com a IP.
“A verdade”, acrescenta Luís Pardal, “é que hoje temos munícipes e utilizadores do Caminho Municipal 1090 e da Estrada Nacional 18, diariamente, à mercê de um ponto negro que faz a ligação entre as vias”. É este acesso entre o caminho e estrada que está em causa, naquilo que o autarca classifica como “um claro erro de projeto”, constituindo “um perigo rodoviário iminente”.
Embora reconhecendo que a solução para o problema “está agora mais próxima”, na sequência de “muita reivindicação de diversas entidades”, incluindo autarcas e moradores, o presidente da União de Freguesia defende a necessidade de “serem executados todos os mecanismos possíveis para acelerar o processo” e evitar a ocorrência de acidentes graves.
Se até à execução da nova linha ferroviária Évora/Elvas, que entrará em exploração no próximo ano, “não havia acidentes rodoviários” na zona de acesso à Garraia, depois da obra “já se registaram” várias ocorrências. “Felizmente, até ao momento, nenhum com gravidade, mas não há qualquer garantia de que no dia seguinte não tenhamos uma surpresa negativa. O grande problema é que as vidas humanas não podem estar à mercê do tempo da execução do projeto, nem têm preço”, conclui.