Acidentes no Alentejo com mais mortos e feridos graves que no resto do país

Os acidentes que ocorrem nas estradas do Alentejo provocam mais do dobro das vítimas mortais e feridos graves que a média nacional. Ana Luísa Delgado (texto)

Uma análise da Alentejo Ilustrado aos dados da sinistralizada rodoviária entre janeiro e maio deste ano, agora divulgados pela Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária, revela que, em média, ocorre uma vítima mortal em cada 31 acidentes ocorridos nas estradas dos distritos de Beja, Évora e Portalegre. A nível nacional, ocorre uma morte em cada 78 acidentes.

Situação idêntica resulta da comparação entre feridos graves. Nas estradas da região ocorreram, entre janeiro e maio, 559 acidentes rodoviários, dos quais resultaram 87 feridos graves, daqui resultando uma média de um ferido grave por cada seis acidentes. A nível nacional essa média é de um ferido grave por cada 15 acidentes.

Esta tendência confirma o resultado de um estudo publicado pela ANSR em 2019. Nesse ano, a nível de vítimas mortais, por exemplo, enquanto que em Beja se registou uma média de 7,91 mortes por cada 100 acidentes, em Portalegre essa média foi de 5,61 e em Évora de 3,83. São dos maiores valores a nível nacional, claramente acima de distritos como Santarém (2,47) ou Bragança (1,94), sem falar no de Lisboa (0,92, o mais baixo do país). 

Já a nível de feridos graves, à média de 17,16 vítimas por cada 100 acidentes nas estradas do distrito de Portalegre, seguem-se os 15,99 registados em Évora e os 14,53 em Beja. São as piores médias a nível nacional, mais do dobro das registadas, por exemplo, em Setúbal, Leiria ou Vila Real.

“Como existem menos pessoas, o tráfego automóvel é menor. Quanto menos automóveis estão em circulação, em estradas com grandes retas, maior é a velocidade. O Alentejo é uma região de atravessamento, cruzada de norte para sul, e tudo isso contribui para acelerar a velocidade”, comenta Manuel João Ramos, presidente da Associação de Cidadãos Auto-Mobilizados (ACAM).

Ao excesso de velocidade, Manuel João Ramos acrescenta a existência de estradas “sem qualidade” e a condução com excesso de álcool como fatores que “agravam o potencial” de sinistralidade. “Quando as estradas têm curvas, quando há mais automóveis em circulação, as pessoas tendem a ter mais cuidado na condução. Todos estes fatores estão ausentes na maioria das estradas do Alentejo”, sublinha o presidente da ACAM, segundo o qual a existência de uma fiscalização “deficitária” e o “mau funcionamento da justiça” também “não ajudam” a uma cultura de segurança rodoviária.

Partilhar artigo:

edição mensal em papel

Opinião

PUBLICIDADE

© 2024 Alentejo Ilustrado. Todos os direitos reservados.

Desenvolvido por WebTech.

Assinar revista

Apoie o jornalismo independente. Assine a Alentejo Ilustrado durante um ano, por 30,00 euros (IVA e portes incluídos)

Pesquisar artigo

Procurar