Após 15 meses de investigação, as forças policiais desmantelaram esta rede, detiveram 25 pessoas e apreenderam 460 quilos de cocaína. Mas não só. As autoridades anunciaram igualmente a apreensão de mais de 500 mil euros em notas, mais 660 mil em saldos de 80 contas bancárias, 18 viaturas e “bloquearam” oito imóveis avaliados em mais de 1,6 milhões de euros.
Um dos locais para descarregar da droga proveniente da Colômbia seria o Aeroporto de Beja. De acordo com uma fonte da polícia espanhola, uma operação conjunta com a PJ “permitiu identificar uma conspiração de funcionários corruptos que atuavam, sob a direção de um cidadão português, no aeroporto comercial de Beja”.
A mesma fonte revela que as autoridades policiais detetam em janeiro deste ano um primeiro avião fretado de Barranquilha (Colômbia) para o Aeroporto de Beja a bordo do qual se encontravam vários dos membros da rede internacional de tráfico, “bem como pilotos” contratados para o efeito. “No entanto”, acrescenta, “apesar do extenso dispositivo estabelecido, os esforços policiais confirmaram que o referido avião não tinha podido ser carregado com cocaína em Barranquilla, o que provocou perdas económicas para a organização que ultrapassaram os 500 mil euros”.
A investigação iniciou-se na sequência de troca de informação no quadro da cooperação policial internacional e permitiu desenvolver e fazer uso de diferentes ferramentas jurídicas, entre as quais um mandado de detenção europeu, que possibilitou à PJ, em estreita cooperação com as autoridades policiais do Reino de Espanha, proceder à detenção do principal responsável da estrutura logística que operava em território nacional que importava droga para o continente europeu.
Segundo a Judiciária, “este homem, conhecido das autoridades policiais portuguesas, é reconhecido policialmente, em termos internacionais, como sendo um suspeito de elevada relevância criminal no submundo do tráfico ilícito de estupefacientes”. A sua identidade não foi divulgada.
A investigação incidiu sobre as atividades ilícitas de vários cidadãos nacionais e estrangeiros que integravam a componente nacional de apoio logístico à referida organização criminosa, tendo sido “identificados diversos projetos criminosos através dos quais a rede, agora desmantelada, se preparava para introduzir grandes quantidades de droga no continente europeu” através do Aeroporto de Beja e de outro no Reino Unido, além de portos espanhóis e “contando, para o efeito, com o apoio de funcionários daquelas estruturas”.
A organização – altamente especializada na introdução de carregamentos de cocaína na Europa – utilizava aviões privados fretados e os seus membros tinham numerosos contactos para enviar e receber carregamentos de cocaína. Embora tendo a droga origem na Colômbia, esta rede criminosa “altamente especializada na introdução de carregamentos de cocaína na Europa” era financiada por empresários de origem chinesa, com “capacidade económica suficiente e uma estrutura que operava a nível mundial para realizar compensações de crédito fora do sistema financeiro legal”.
Para transportar drogas utilizavam aviões particulares fretados por empresas privadas, o que conferia à atividade ilícita um aspecto legal. Por outro lado, as investigações “confirmaram que todos os membros da rede fizeram do tráfico internacional de cocaína o seu único meio de subsistência, sem exercerem qualquer actividade laboral legal e que, além disso, lhes permitiu manter um elevado nível de vida”.
Em Beja, e de acordo com a polícia espanhola, a rede “contava com uma grande estrutura, razão pela qual os seus membros realizaram inúmeras viagens a Portugal”. Entre os carregamentos aéreos detectados, um dos maiores foi em abril de 2024, quando foram descarregados 60 quilos de cocaína. No mês seguinte, no porto de Barcelona, era encontrados outros 344 quilos, escondidos cum contentor que transportava abacates.