Eurodeputado eleito pelo PSD desde 2009, conhecedor dos corredores de Bruxelas, José Manuel Fernandes foi a escolha de Luís Montenegro para uma das pastas mais complexas, a da Agricultura, e para tentar “pôr fervura” no protesto dos agricultores que, em fevereiro, levou ao corte da circulação em várias estradas, de Norte a Sul do país.
“Embora não seja uma pessoa do sector, temos de lhe dar o benefício da dúvida, desde logo porque tem estado muito ligado aos fundos europeus. Penso que poderá fazer um bom papel, já tendo havido outros casos de pessoas que não estavam ligadas ao sector e foram bons ministros”, diz Pedro Manoel d’Orey, dirigente da Associação de Criadores de Gado de Estremoz. Na sua opinião, entre as prioridades que o novo ministro deverá assumir está a “revisão imediata” do PEPAC, programa que se encontra “completamente desajustado da realidade, que é altamente burocrático e que foi mal programado pois as associações de agricultores não foram ouvidas”.
Ainda de acordo com Pedro Manoel d’Orey, a execução dos fundos comunitários para o setor, “que está atrasadíssima”, tem de acelerar nos próximos meses. “Temos dinheiro que poderá ser devolvido a Bruxelas pois não foi utilizado por causa da burocracia e do tempo que levam a analisar os projetos”, refere.
Diogo Vasconcelos, que preside à Associação dos Jovens Agricultores do Sul, destaca também o facto de o novo ministro “estar muito batido” em Bruxelas e na União Europeia, o que poderá “ajudar” à renegociação do PEPAC.
Depois de seis anos “péssimos para a agricultura”, José Manuel Fernandes irá encontrar um ministério “com graves problemas de organização e em desmantela- mento progressivo”, que o novo ministro “provavelmente não conhecerá”. Para os resolver, Diogo Vasconcelos defende a “reativação” das direções regionais, transferidas pelo anterior Governo para as CCDR, e “a inclusão das florestas no perímetro do Ministério da Agricultura, para que possa tudo ser gerido de forma conjunta”.