Alexandre de Barahona: “Autárquicas, o voto inútil”

Artigo de opinião de Alexandre de Barahona, jornalista e diretor-adjunto da "Alentejo Ilustrado"

É simples. As autarquias são os nossos governos de proximidade, é o modelo que rege a pólis onde vivemos, trabalhamos e criamos a nossa família, é também aquele junto do qual podemos interagir em assembleias municipais. Quantos de nós o fazemos? Raríssimos. Não é uma brincadeira, é a nossa vida, a nossa cidade, vila, aldeia. Sejam eleitores úteis. A única forma de salvarmos a democracia, é participando nela. Sermos cidadãos ativos, não ficarmos dependentes de outros.

Por essas e outras, por considerarmos as autárquicas um ato eleitoral menor, a abstenção aumenta, o voto dispersa-se, os eleitos formam muitas vezes impensáveis geringonças. E, depois, o presidente da câmara que resolva. E a ele, ou a ela, são-lhe atribuídas todas as responsa- bilidades gerais durante quatro anos. Criticar no Facebook é de facto mais fácil. Até para mim.

Porém, não pode ser. Este é o nosso governo: em Aljustrel, em Évora, em Pavia, em Beja, na Amareleja, Portalegre, Serpa, Sines, Arronches… e aí por diante. Os partidos e movimentos apresentam pessoas e projetos, que devem ser bem escrutinados, analisados, debatidos e, por fim, cada um decide: apoiando. Votando. Sejam eleitores úteis.

Votar sem medo, e dar uma maioria àquele projeto, àquela pessoa que mais garantias lhe dá, para defender a sua qualidade de vida e o futuro dos seus filhos, netos, pais e avós junto de si. E quem é essa pessoa? Observem bem. Quem tem um perfil mais sério? Uma carreira mais bem orquestrada? Isso diz muito, sobre a capacidade do candidato.

O que fez esse ou essa pessoa na política? Que cargos, responsabilidades geriu? Por onde passou anteriormente? No Parlamento, na junta de freguesia? No Governo? Na câmara municipal? No Parlamento Europeu? No tecido empresarial? Na agricultura? Na saúde? Quem tem mais experiência para dissipar os problemas na nossa urbe? Independentemente de ser ou não, do partido com quem me identifico melhor.

Votem para maiorias! Sem vereadores do seu lado, um presidente da câmara fica de braços atados. Escolham quem quiserem, mas votem com utilidade. Não dispersem o voto em opções aventureiras. Como se estas eleições autárquicas fossem menos importantes que as legislativas ou presidenciais. Deem uma equipa de vereadores sólida, ao futuro presidente. Para que possa fazer um trabalho em condições. E de modo a que isso lhe seja devidamente exigido.

A estabilidade não é só para o Governo central, também deve ser, para os governos locais, câmaras e juntas de freguesia. Um presidente, com os seus vereadores eleitos, fará o trabalho de 10 anos em apenas quatro. Porque tem condições para tal. E porque você, eleitor, se tornará num cidadão exigente e colaborante, ativo na vida democrática diária que a sua cidade merece.

Sejam eleitores úteis. Tenham consciência da vossa localidade. E das necessidades. Do presente e do futuro. Acreditem no futuro, porque isso é acreditar em vocês. E na vossa família. Sejam eleitores úteis, votando para dar estabilidade à vossa câmara municipal e junta de freguesia. As desculpas terminaram, com meio século de eleições livres em Portugal, os eleitores são os únicos responsáveis por quem elegem. Ou seja, pelo que se seguirá.

Os vendedores de banha da cobra continuam a existir na política, desenganem-se. Mas com mais fineza, com discursos e aparências mais cuidadas. Sejam eleitores úteis e responsáveis. Cada vez mais, as responsabilidades dos governos centrais recaem sobre as autarquias, é tempo de sermos exigentes: connosco enquanto eleitores e com os eleitos durante os seus mandatos.

Cuidado com os votos inúteis, em gente simpática (ou não) mas sem projetos sólidos para o seu futuro e qualidade de vida. Vote e vote com a cabeça, deixe lá o coração descansar.

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