Um dia mais um dia menos um dia para a mulher.
Para as mulheres discursarem iguais aos discursos dos homens.
Para as mulheres se encontrarem, comerem e beberem.
Para as mulheres rirem ébrias de emancipação, álcool e liberdade.
Um dia para elogios baratos, flores e lugares comuns.
Se algo uma mulher não deveria ser, nunca, é um lugar comum, um chavão.
Este dia mereceria bem mais que tudo isto. Não pelo papel da maternidade, uma mulher não o é, porque procria. Seria absurdamente limitativo.
O que é uma mulher? E que festeja ela no dia da mulher?
A mulher é um bulício de emoções.
É o saber ter razão e faltar-lhe à razão.
A mulher vele por cada lágrima chorada, sem vergonha, nem receio de chorar.
A mulher não deveria tentar enquadrar-se neste mundo de homens. Ela deveria alterá-lo e fazer a diferença.
Para isso, terá a mulher de saber sê-lo. Lado a lado, sem perdoar ao homem, sem estar na sombra, sem querer suplanta-lo.
A mulher é uma flor que jamais foi colhida. Porque, ao o ser, perde a veia, a cor, o cheiro, a suavidade do beijo, o pólen sagrado. Não se enganem, há flores para todos os gostos, até carnívoras.
Sejam, simplesmente. E simplesmente, não se deixem colher.
