O Município de Alvito vai assinalar, no próximo dia 14 de junho, os 550 anos da criação da Primeira Baronia de Portugal, instituída em 1475. A data será celebrada com um evento evocativo que terá como cenário o Castelo de Alvito e todo o centro histórico da vila, transformado para a ocasião num ambiente inspirado no século XV.
Durante todo o dia, os visitantes poderão assistir a recriações históricas, espetáculos de teatro de rua, acrobacias e demonstrações de cante alentejano. Haverá ainda um mercado de época, passeios de burro e pónei, atividades para crianças e famílias, e uma mostra de gastronomia tradicional intitulada “manjares do reino”.
De acordo com o presidente da Câmara de Alvito, José Efigénio, “a iniciativa integra a estratégia do município para promover o seu património histórico e identitário, ao mesmo tempo que convida a comunidade local e os visitantes a redescobrir a importância da Baronia de Alvito, um marco na história da nobreza e da organização territorial portuguesa”.
A programação conta com a participação de várias companhias artísticas e entidades locais, incluindo a Universidade Sénior de Alvito, grupos escolares e associações culturais. O início acontecerá pelas 10h00 com a abertura do mercado quinhentista, ao qual se seguem, ainda durante a manhã, atividades dirigidas ao público infantil, como jogos tradicionais, contadores de histórias e um atelier de cerâmica. Às 11h00 realiza-se um desfile pelas ruas da vila, seguido do espetáculo de teatro de rua “A Viagem”, pela companhia Água no Deserto. Pelas 12h00, abrem as tasquinhas, designadas como “manjares do reino”, onde será possível provar produtos regionais.
A programação inclui ainda novas apresentações de teatro de rua — “Cantares”, pela companhia Três Irmãos, e uma encenação do “Auto da Barca do Inferno”, de Gil Vicente, pela Universidade Sénior de Alvito. O cortejo “Em Terras da Baronia”, previsto para as 17h30, antecipará a encenação da assinatura do Tratado de Alcáçovas. Seguem-se atuações de artistas de rua, teatro e animação circense, com acrobatas e saltimbancos
O encerramento está marcado para as 22h15, com um espetáculo protagonizado pelos alunos do 1.º ciclo integrados no projeto “Cante nas Escolas”, ao qual se junta a atuação do grupo Os Cant’ado. A participação nas atividades é gratuita.
Criada por carta régia de D. Afonso V, datada de 27 de abril de 1475, a Baronia de Alvito foi atribuída a João Fernandes da Silveira, vedor da Fazenda e membro da Casa Real. Esta nomeação representou a criação do primeiro título de barão hereditário em Portugal, distinguindo-se dos anteriores privilégios nobiliárquicos por incluir jurisdição senhorial plena sobre um território definido.
A baronia seria posteriormente confirmada por D. João II, em 10 de abril de 1482. De acordo com o “Dicionário de História de Portugal”, coordenado por Joel Serrão, este título constituiu uma inovação na estrutura da nobreza portuguesa tardo-medieval, inserindo-se numa estratégia régia de recompensa a servidores leais e de reforço da administração periférica do reino.
O território da Baronia de Alvito incluía, para além da vila sede, outras localidades no Alentejo, refletindo a importância desta região na política de povoamento e defesa do sul do reino. O castelo da vila, reedificado no início do século XVI em estilo manuelino, tornou-se símbolo da continuidade e poder desta linhagem. Segundo o livro “Nobreza de Portugal e do Brasil”, publicado pela Fundação da Casa de Bragança, a Baronia de Alvito foi uma das mais relevantes do país em termos de longevidade e prestígio, perdurando até ao século XIX como exemplo de estrutura senhorial consolidada no território português.