Entre as seis organizações ambientalistas que subscrevem o documento encontram-se a Amora – Associação de Moradores do Rio Almansor e a proTEJO – Movimento Pelo Tejo. Nele dizem “não” aos transvases entre bacias hidrográficas, “designados vulgarmente e de modo ignorante por autoestradas de água”, como a que o atual Governo anunciou entre o Guadiana e o Algarve, para mitigar os efeitos da carência hídrica nesta região.
“Os custos económicos e os impactes ambientais na biodiversidade (ser humano incluído) seriam de incomensurável magnitude. A ideia de que no norte de Portugal há água a mais é também uma fantasia de quem não conhece a realidade de, por exemplo, Trás-os-Montes onde, no passado recente, tem sido necessário o fornecimento de água à população através de autotanques e onde várias explorações agrícolas tiveram que suportar uma carência de água extrema”, recordam as seis associações.
No documento é recordada a ineficiência da distribuição em baixa, responsável pela perda de grande quantidade de água tratada. Daí que os ambientalistas considerem “fundamental acelerar a melhoria dos sistemas de distribuição no ciclo urbano da água e de rega de modo a diminuir drasticamente as perdas de água, o que por si só travaria a necessidade de aplicar medidas restritivas ao abastecimento”.
Por outro lado, manifestam-se contrários à “proliferação de barragens e açudes”, defendendo, pelo contrário, que “a remoção de barreiras e açudes terá de ser uma prática constante”. Na opinião destas organizações, é também necessário “promover alternativas à construção de novas barragens de regadio, procurando alternativas como o armazenamento fora do leito do rio e culturas menos dependentes da água”, bem como criar “regulamentação adequada” para “corrigir as práticas de má gestão da água nas barragens”.
Ainda de acordo com os ambientalistas, é igualmente necessário “regulamentar a proliferação de monoculturas”, como as do olival e amendoal no perímetro de Alqueva, “tanto por questões ligadas ao esgotamento de solos e aquíferos como pelas necessidades crescentes de uso de pesticidas e adubos de síntese (baseados em combustíveis fósseis), cujos impactos sobre a qualidade do ar, dos solos e da água e sobre a perda de biodiversidade são sobejamente conhecidos”.
No manifesto entregue aos partidos defendem a “avaliação caso a caso” das diversas monoculturas e consideram que as recentes manifestações de agricultores “tornam visível a insustentabilidade de práticas e políticas assentes numa estratégia que se destaca pela preferência de uns e de outros, em despejar dinheiro sobre os problemas sem pôr em causa os impactos da escolha das tecnologias”. Ou seja, “produzir alimentos à custa da degradação das bases da sobrevivência é um contrassenso que já ultrapassou os limites do absurdo”.