Mais hotéis, muito mais camas turísticas e um número recorde de dormidas. O turismo no Alentejo continua a viver uma espécie de anos “dourados”, registando taxas de crescimento de ano para ano. Em 2024 foram inaugurados 36 empreendimentos turísticos na região, apurou a Alentejo Ilustrado junto de fonte oficial, que re- sultaram na disponibilização de mais 1133 camas turísticas.
Entre os novos projetos incluem-se, por exemplo, o Holiday Inn Beja, um quatro estrelas com 95 quartos, bar e restaurante, que resultou de investimento de 16,8 milhões de euros. “Este projeto mostra a vontade que temos de continuar a investir em Portugal”, diz Jordi Vilanova, presidente do Grupo Mercan Properties em Portugal, que em 2023 tinha inaugurado o Hilton Évora e que fechou 2024 com outra unidade hoteleira em Évora, o Holiday Inn Express, projeto de 16 milhões de euros que permitiu criar 35 postos de trabalho diretos.
Entre as unidades inauguradas o ano passado inclui-se ainda o Boutique Wine Hotel da Quinta do Paral, na Vidigueira, projeto de luxo com 22 quartos que promete um “retiro vínico idílico”, ou o Spatia Comporta II, em Grândola, com 200 camas, que se apresenta como “um paraíso escondido na costa atlântica de Portugal, onde praias douradas se estendem até onde a vista alcança, apoiadas por bosques de pinheiros”.
Aos 36 empreendimentos turísticos inaugurados em 2024 somam-se 589 novas unidades de alojamento local, 62 das quais no concelho de Grândola. A acompanhar o aumento da oferta está o crescimento exponencial da procura. Entre janeiro e novembro do ano passado, o Alentejo registou um crescimento de 4,4% no número de dormidas, comparativamente com 2023, até agora o melhor ano de sempre.
De acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística, nesse período as diversas unidades hoteleiras venderam quase 3,1 milhões de dormidas, mais 129 mil que no ano anterior. Por Évora, o principal destino da região e onde a Câmara anunciou a criação de uma taxa turística de 1,5 euros por dormida, terão passado mais de 700 mil turistas.
O presidente do Turismo do Alentejo sublinha outro fator positivo, “o padrão de sazonalidade está a esbater-se”, com maior procura ao longo de todo o ano, muito por “culpa” dos mercados norte-americano e canadiense que estão a crescer anualmente na ordem dos 20%.
“São mercados muito importantes para nós, pois têm um padrão de disseminação ao longo ano, são pouco sazonais, ao contrário do mercado francês, por exemplo”, acrescenta José Manuel Santos, sublinhando que “ainda há muita margem para crescer” no turismo internacional.
“Há cerca de 23 milhões de dormidas de portugueses no país todo, e o Alentejo tem cerca de 10% dessas dormidas. Continuamos a ser o destino que mais cresce no mercado interno, mas o mercado internacional está a crescer a dobrar ou a triplicar”. Deste ponto de vista, a “conectividade aérea” é essencial para a região.
“Hoje o grande desafio é que nesses 10 anos de construção do novo aeroporto de Lisboa, a Portela melhor o seu desempenho operacional para permitir mais aterragens, porque a probabilidade de cada turista aterrar em Lisboa é que esse turista possa se distribuir por todo o país”, acrescenta José Manuel Santos, definindo prioridades: “para deixarmos de ser um destino turístico de cinco meses e passarmos para oito ou nove precisamos de nos internacionalizar. O objetivo é que o Alentejo possa, em 2030, ter 40% de dormidas de estrangeiros, mas para isso precisamos de melhorar a nossa conetividade aérea”.
A região, acrescenta, “precisa de criar a sua própria infraestrutura para ajudar na capacidade de atração de turistas estrangeiros”, até porque apesar do aumento da procura os turistas “continuam a ficar pouco tempo” na região.
“Acredito que, para o turismo do Alentejo, o melhor ainda está para vir. Acho que o melhor está para vir”, prossegue o presidente da Entidade Regional de Turismo, defendendo a necessidade de encontrar “aceleradores” da procura, como a Capital Europeia da Cultura, em Évora, ou o aproveitamento comercial e turístico do aeroporto de Beja.
Se 2024 fecha com aumentos significativos da oferta e da procura, no horizonte desenham-se novas unidades. O Grupo Vila Galé, por exemplo, tem prontas as Casas d’Elvas, num investimento de seis milhões de euros que disponibilizará mais 44 quartos. Localizado no centro histórico, o hotel resulta da reabilitação das casas da fábrica da ameixa e de antigos edifícios históricos, como o aljube eclesiástico.
Já a VIC Properties, um dos maiores promotores imobiliários em Portugal especializado em projetos residenciais e turísticos de larga dimensão, anunciou um investimento de 1,7 mil milhões de euros no projeto turístico Pinheirinho, no concelho de Grândola, que inclui dois hotéis de luxo, residências, moradias e apartamentos.