A terra, as tradições e a resiliência do mundo rural são partes importantes do nosso passado, do forjar da nossa identidade, das dinâmicas que vivemos na atualidade e do futuro que queremos. A Ovibeja e o Concurso Internacional de Azeite Virgem Extra são expressões maiores do trabalho, das vivências e dos desafios que enfrentam as Mulheres e os Homens que dão sentido ao nosso mundo rural como pilar produtivo fundamental para o país.
Como pequeno produtor de vinho e de azeite, oriundo do Interior do país, estou sintonizado com a relevância, nem sempre compreendida e apoiada, do contributo de quem produz para a preservação ambiental, a economia e a coesão territorial. Testemunho e tributo o seu trabalho e os resultados dos saberes, das competências, da investigação e da capacidade produtiva como impulsos decisivos de valorização de todo o território nacional, geradores de dinâmicas positivas nas comunidades locais e contribuintes para as exportações nacionais.
São parte de um país que é presente e será futuro, porque precisamos do seu contributo para afirmar cadeias de produção e de distribuição mais próximas dos consumidores, para procurar novos pontos de equilíbrio na preservação do território que conjuguem potencial com os impactos das alterações climáticas e para o reforço das dinâmicas positivas do território.
Por isso, não poderia ser mais oportuno o tema da 41.ª edição da Ovibeja, “+ Agricultura + Futuro” e importante as participações do sector nas exposições e nas iniciativas da feira, numa virtuosa conjugação entre tradições, realidades e inovações que comprovam o Interior e a ruralidade como oportunidades para o desenvolvimento sustentável do país. Há muito que sustento que o Interior não é um fardo, mas uma oportunidade. Não há territórios dispensáveis e todos, por mais pequeno que seja o seu contributo, somam à riqueza nacional.
O caminho de afirmação da produção nacional e o seu contributo para as exportações nacionais confirmam a agricultura como parte relevante da construção de qualquer estratégia de futuro para o país. Não foi nem será um caminho isento de obstáculos e desafios, mas é uma realidade que tem de ter cada vez mais voz, atenção e resposta dos decisores políticos e dos media. A agricultura ganhou o estatuto de ativo estratégico nacional pelo contributo que dá para a soberania alimentar e para a afirmação de Portugal na União Europeia e no Mundo, através da excelência dos produtos nacionais, naturais e transformados, tradicionais ou com a incorporação de inovação.
O território rural que converge para ter expressão na Ovibeja é hoje muito melhor, graças à resiliência de quem persistiu no campo, de quem aproveitou o potencial gerado pelo Alqueva e de quem procura novas abordagens de produção e de sustentabilidade para prosseguir o esforço de conciliação entre os seres humanos e a natureza. Esses pontos de equilíbrio e de valorização do potencial produtivo são partes de um futuro que tem de ver reforçado o reconhecimento, porque ainda nem tudo foi feito para melhorar as condições de vida e de oportunidades no Interior, apesar do contributo de quem resiste em diversas áreas de atividade e dos autarcas municipais e de freguesia.
A República precisa de continuar a contar com essa energia positiva e de construir respostas para a produção agroalimentar, a qualidade de vida, o acesso a bens e serviços fundamentais, a fixação de população e a geração de oportunidades. É preciso que muitas pessoas, em particular o poder político, olhem de outra forma para o mundo rural.
A agricultura é uma atividade de futuro. Muita da atividade agrícola é feita por pessoas que desenvolveram conhecimento, competências e capacidades muito especializadas. Todos os que contribuem para a sua diversidade, qualidade e expressão produtiva merecem a nossa gratidão e reconhecimento como parte de um Portugal Positivo, que eleva o país para o seu melhor. São uma bela ilustração do Alentejo e do país.