APAV contabiliza mais de 6.500 idosos vítimas de violência. Crime sobe 8,5%

Mais de 6.500 idosos foram vítimas de crime nos últimos quatro anos, revela a APAV, que regista uma subida de 8,5% neste tipo de violência desde 2021. A maioria das vítimas são mulheres, muitas vezes atacadas pelos próprios filhos, dentro da sua residência, e quase metade nem chega a apresentar queixa.

Mais de 6.500 pessoas idosas, na sua maioria mulheres, foram apoiadas nos últimos quatro anos pela Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV), que registou neste período um aumento de 8,5% nos crimes contra esta população.

Em média, a APAV acompanhou 136 idosos por mês — cerca de cinco por dia — totalizando 6.523 vítimas entre 2021 e 2024. Os dados foram divulgados a propósito do Dia Internacional de Sensibilização para a Prevenção da Violência Contra as Pessoas Idosas, que se assinala a 15 de junho.

Na publicação “Estatísticas APAV | Pessoas idosas vítimas de crime e violência 2021-2024”, a associação destaca que a violência contra pessoas idosas pode assumir várias formas: psicológica, física, sexual, financeira, negligência ou abandono.

“Passa, também, por comportamentos muitas vezes não considerados violentos, mas que retiram às pessoas idosas poder de decisão, autonomia, liberdade e dignidade”, sublinha a APAV.

Para a associação, estas situações representam violações de direitos humanos, podem abrir caminho a formas mais graves de violência e, em alguns casos, constituir crimes ou conduzir à sua prática.

Entre os casos registados, 9.462 idosos foram vítimas de violência doméstica (78,2%), 468 sofreram ameaça ou coação (3,9%), 388 foram alvo de difamação ou injúria (3,2%), 386 de ofensas à integridade física (3,2%), 227 de burla (1,9%) e 1.175 de outros crimes e formas de violência (9,6%).

O perfil da vítima traçado pela APAV revela que a maioria são mulheres (76,5%), com idades entre os 65 e os 74 anos (49,4%), de nacionalidade portuguesa (92,7%) e residentes no distrito de Lisboa (21,6%). Quanto aos agressores, a maioria são homens, com idades entre os 18 e os 64 anos (30,1%), sendo, em muitos casos, filhos ou filhas das vítimas (31,4%).

Mais de metade das situações comunicadas à APAV (52,7%) tinham um caráter continuado. Os casos com duração entre dois e seis anos representaram 23,6% e, em 51,2% das situações, a violência ocorreu na residência comum. Cerca de 48% das vítimas não apresentaram queixa.

A APAV presta apoio gratuito, confidencial e especializado a todas as vítimas de crime, disponibilizando a Linha de Apoio à Vítima — 116 006 — que funciona de segunda a sexta-feira, entre as 08h00 e as 23h00. O contacto também pode ser feito por e-mail, através do endereço [email protected].

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