Arlinda Ribeiro: “Estamos a traçar uma identidade muito própria” do Museu Aberto

Passadas duas décadas, Arlinda Ribeiro volta a assumir a programação do Monsaraz Museu Aberto. E com objetivos definidos: “dar-lhe qualidade”. Luís Godinho (texto) e João Frutuosa (fotografia)

Arlinda Ribeiro dispensa apresentações. Para os mais distraídos sempre se dirá que esta conservadora-restauradora nascida nas Caldas da Rainha e que criou raízes em Monsaraz, depois de anos a viver em Óbidos e em diversas cidades europeias, tem um percurso ligado à recuperação de importantes conjuntos patrimoniais do país.

Vejam-se, a título de exemplo, o restauro do fresco do Bom e Mau Juiz, em Monsaraz, ou os trabalhos de restauro da Sé de Elvas e do Convento de Mafra, que fiscalizou. Ou o seu contributo para o restauro da Charola do Convento de Cristo (Tomar), oratório privativo dos cavaleiros templários.

“Divido a minha vida por quatro sítios – Monsaraz, Sines [onde também tem casa], Óbidos e o sítio onde estou a trabalhar”, disse numa entrevista ao “Expresso”, em abril de 2010. Ah… também estudou teatro em Bruxelas, trabalhou em cenografia e em produções cinematográficas, chegando a pensar que esse poderia ser o seu futuro, estudou conservação e restauro em Londres e foi aí que decidiu apostar no património, sem esquecer as outras intervenções artísticas.

Feitas as apresentações, aí está a edição de 2024 do Monsaraz Museu Aberto como (mais um) cartão de visita. “Ficaria muito contente se nos anos futuros as pessoas viessem a Monsaraz, de propósito para ver o Museu Aberto. Acho que se esse percurso, iniciado em 1986, não tivesse sido interrompido, este festival seria tão conhecido como o Músicas do Mundo”, diz Arlinda Ribeiro à Alentejo Ilustrado, numa entrevista onde diz que este é um certame com condições para “ter vida própria, para estar enraizado na paisagem cultural do país”.

“É isso que pretendemos”, acrescenta. “Queremos dar-lhe qualidade, traçar um caminho e uma identidade muito própria”. As apostas na programação aí estão para a comprovar. Para esta quinta-feira, por exemplo, às 17h00, o geólogo Galopim de Carvalho irá falar “Da Terra Chão à Terra Pão”, seguindo-se uma oficina do pão junto ao forno comunitário e um “percurso ilustrado”, de Monsaraz à Ermida de Santa Catarina, uma caminhada acompanhada pelo Grupo Maurioneta, por Sara Sotiry e pelo Coro da Banda Filarmónia Harmonia Reguenguense, Meditação Guitta e Joaquim Caeiro. Antes do concerto de Gonçalo Pescada (22h00), no castelo de Monsaraz, haverá ainda um recital de harpa com Angélica Salvi (21h00), na Igreja de Santiago.

“É uma programação com personalidade muitíssimo própria e que vai atingir o público que nós queremos que venha a Monsaraz. Temos a praia fluvial, que atrai um determinado público que nos faz falta todos os dias, que aumenta a estadia média das pessoas no concelho, mas temos também de dispor de instrumentos que captem um outro target, um público que goste e que consuma arte e que associe o nome de Monsaraz à arte e à cultura”, comenta Arlinda Ribeiro.

Ficam também algumas notas para os próximos dias, como o concerto do argentino Melingo no próximo sábado, ele que dias depois irá atuar no Festival Músicas do Mundo, em Sines, bem como a conversa entre Ana Paula Amendoeira e José Pacheco Pereira na Igreja de Santiago, sob o tema “Eu sou devedor à terra”, ou o recital de piano no Olival da Pega, com Tiago Mileu, agendados para o próximo domingo.

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