Durante uma visita ao Centro Interpretativo do Tapete de Arraiolos, acompanhado do candidato da CDU à presidência da Câmara, Jorge Macau, o dirigente do PCP afirmou que “não dá para discutir o Orçamento do Estado às peçazinhas”, reagindo assim à confirmação de que a proposta orçamental do Governo vai incluir uma nova redução do IRS.
Paulo Raimundo acusou o primeiro-ministro de tentar condicionar o debate orçamental em plena campanha. “Eu sei quais são as cascas de banana do senhor primeiro-ministro. Diz que o Orçamento do Estado é só para depois das eleições – palavras do próprio –, que até já tem reuniões marcadas – e acho bem, está a fazer pela vida dele –, mas depois vai deixando cair umas peçazinhas”. E garante que não tenciona “cair na casca de banana do senhor primeiro-ministro”, lembrando que o país está em “período eleitoral” e que se sabe “bem o que é que significam essas palavras”.
Questionado sobre o anúncio da redução do IRS, respondeu com ironia: “Não, foi coincidência.” E acrescentou: “O mesmo primeiro-ministro que diz que o Orçamento é para depois, vem, diria assim, libertando os aspetos que ele considera que são positivos. É só por coincidência.”
O dirigente comunista também reagiu às declarações do secretário-geral do PS, José Luís Carneiro, que considerou “mais fácil” a viabilização do Orçamento. “Cada um vai ter de assumir as responsabilidades pelas atitudes que toma”, afirmou Paulo Raimundo, sublinhando: “Tenho visto com algum interesse este movimento de cotoveladas entre o PS e o Chega para ver quem é o parceiro, quem é a noiva do Governo”.
Em declarações aos jornalistas, reiterou ainda que quem aprovar o Orçamento do Estado, “segundo as palavras do próprio primeiro-ministro, é um instrumento da continuação da política do Governo”, terá de “assumir as suas responsabilidades”. Ou seja: “Quem puser lá a assinatura por baixo vai ter de assumir a responsabilidade do que está a fazer e é responsável pelas consequências, na nossa ideia, desastrosas, desse caminho”.
Confirmando que o PCP vai votar contra o Orçamento do Estado, o secretário-geral do partido assegurou que a posição se manterá: “Se é um instrumento ao serviço da continuidade da política, o que é que significa? Desmantelamento do Serviço Nacional de Saúde, encerramento de urgências, estagnação brutal na resposta dos serviços públicos.”
Para Paulo Raimundo, o documento vai também prosseguir a “descida escandalosa dos impostos para aqueles que têm”, em referência ao IRC. “E, portanto, nesse orçamento o que é que queriam que o PCP fizesse? Num orçamento que é um instrumento da política que está em curso contra aquilo que são as necessidades da maioria do povo e contra os interesses de Portugal”, concluiu.
Texto: Alentejo Ilustrado/Lusa | Fotografia: Nuno Veiga/Lusa











