Promovido pelo Município de Arraiolos, o evento integra um conjunto de atividades culturais, nomeadamente espetáculos, exposições, colóquios e debates, com especial destaque para a “Mostra de Tapetes de Arraiolos”.
Todos os anos, no início do mês de junho, esta iniciativa pretende trazer para a vila desenvolvimento socioeconómico e cultural que, tendo como âncora a mostra “Tapetes de Arraiolos”, aproveita todo o centro histórico para dar a conhecer o artesanato, gastronomia e outros produtos que as gentes locais souberam salvaguardar.
Em exposições e múltiplas atividades, durante cinco dias este certame pretende divulgar a qualidade e diversidade da identidade arraiolense, valorizando o Tapete de Arraiolos, o artesanato mais genuíno que tem transitado de geração em geração.
Os largos e as ruas abrem-se em mostras e exposições que refletem a diversidade cultural dos que o Alentejo viu nascer ou daqueles que encontraram nestas terras fonte de inspiração.
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“O Tapete está na Rua”, mais do que evento pontual de valorização e promoção das representações culturais locais, afirma-se hoje como proposta de intervenção cultural abrangente, onde a componente de viabilização de um melhor e maior desenvolvimento socioeconómico é elemento preponderante.
Arte antiga, feita de muitos “saberes” e um mesmo “saber fazer”, que artesãs exímias souberam construir, a visita a Arraiolos é roteiro obrigatório para quem por estes dias está no Alentejo.
O cartaz de espetáculos do evento inclui atuações de José Geadas (sexta-feira), Rui Veloso (sábado), Marisa Liz (domingo), Matias Damásio (segunda-feira) e Carlos Leitão (terça-feira), todos às 22h00, na Praça do Município.
O Tapete de Arraiolos, uma das mais emblemáticas expressões do artesanato português, tem origens que remontam ao final do século XV, quando se crê que comunidades mouriscas, expulsas de Lisboa, se instalaram na vila de Arraiolos e ali adaptaram técnicas orientais de tapeçaria aos motivos e gostos locais.
Apesar de inspirado nos tapetes persas, distingue-se pelo ponto característico em forma de cruz oblíqua — o chamado “ponto de Arraiolos” — e pelos padrões geométricos, florais ou figurativos que, ao longo dos séculos, passaram a incorporar elementos da tradição rural alentejana.
A feitura destes tapetes continua a ser uma atividade quase exclusivamente feminina, passada de mães para filhas, não só como forma de sustento, mas também como afirmação cultural. O seu fabrico artesanal deu origem a uma rica tradição oral e estética, que ainda hoje é preservada, designadamente na vila, onde muitas bordadeiras continuam a trabalhar com técnicas ancestrais, fazendo do tapete de Arraiolos um verdadeiro símbolo da identidade alentejana.
Embora exista há mais de 500 anos e seja reconhecido como património cultural de grande valor, o Tapete de Arraiolos ainda não possui uma certificação oficial de origem ou indicação geográfica protegida, o que dificulta a sua salvaguarda e valorização face à crescente proliferação de imitações industriais, muitas vezes produzidas fora de Portugal.
Nos últimos anos, têm sido feitas várias tentativas, designadamente por parte do Município, para avançar com o processo de certificação, envolvendo estudos técnicos, levantamentos históricos e propostas legislativas.
O objetivo é garantir critérios rigorosos de autenticidade — desde os materiais utilizados até às técnicas de execução — que permitam proteger o verdadeiro tapete de Arraiolos e distinguir os produtos genuínos no mercado nacional e internacional. A certificação, quando concretizada, será um passo decisivo para a valorização económica e cultural deste património, reforçando a sua ligação ao território e às comunidades que o mantêm vivo.