Adérito Lopes, ator da companhia de teatro A Barraca, foi agredido terça-feira à noite por um grupo de extrema-direita, em Lisboa, quando entrava para um espetáculo com entrada livre de homenagem a Camões.
Em declarações à Lusa, a diretora da companhia, e também atriz, Maria do Céu Guerra contou que foi por volta das 20h00, estavam os atores a chegar ao Cinearte, no Largo de Santos, quando se cruzaram à porta “com um grupo de neonazis com cartazes, programas”, com várias frases xenófobas, que começaram por provocar uma das atrizes.
“Entretanto, os outros atores estavam a chegar. Dois foram provocados e um terceiro foi agredido violentamente, ficou com um olho ferido, um grande corte na cara”, afirmou a responsável de A Barraca, de 82 anos, segundo a qual Adérito Lopes teve de receber tratamento hospitalar.
Maria do Céu Guerra contou que o espetáculo “Amor é um fogo que arde sem se ver” teria a última récita, de um conjunto de seis, às 21h00, com entrada livre, e tinha sala cheia, mas acabou por não acontecer.
O público só abandonou o espaço já para lá das 22h00, disse a atriz, que realçou que o sucedido só não foi pior por ter aparecido a Polícia de Segurança Pública (PSP).
Maria do Céu Guerra lembrou que se assinalaram ontem os 30 anos do ataque por neonazis que matou Alcindo Monteiro: “30 anos depois, este país ainda não arranjou forma de se defender dos nazis”.
“É terrível. E tenho aqui o elenco, 14 atores, todos temendo pela sua saída do teatro. E que querem falar, dar a sua opinião, querem dizer o que sentem em relação a isto e à proteção que lhes é merecida”, afirmou a atriz, que sublinhou o quão vulneráveis se sentem.
Nas palavras de Maria do Céu Guerra, A Barraca é um símbolo de paz, mas para outros não sabe o que será.