Nas últimas autárquica a abstenção foi, segundo a Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna, de 47,35%. Este foi o segundo resultado mais alto desde que em 1976 se realizaram as primeiras eleições autárquicas. A taxa de abstenção mais baixa foi conseguida em 1979 com apenas 26,2 por cento.
Várias investigações apontam para variáveis socioeconómicas e demográficas como fatores-chave para explicar por que muitos eleitores não participam nas eleições autárquicas.
Leonor Dias da Silva Carvalho, da Universidade Católica, analisou dados ao nível municipal entre 2009 e 2019 e concluiu que, em eleições autárquicas, municípios com menor densidade populacional tendem a ter taxas mais elevadas de abstenção.
Por outro lado, fatores ligados à confiança política, identificação partidária, e perceções de eficácia também são determinantes, existindo autores que observam que a crescente alienação política — isto é, a falta de identificação com partidos ou candidatos — e a insatisfação com a política em geral são causas expressivas da abstenção.
De acordo com o estudo “Afinal, quantas pessoas se abstêm de votar em Portugal?”, da Fundação Francisco Manuel dos Santos, a“abstenção técnica” ou “abstenção formal” é outra das causas: muitos eleitores estão recenseados mas, por exemplo, residem no estrangeiro ou simplesmente não votam físicamente, o que inflaciona as taxas oficiais de abstenção.
Quando as eleições se decidem por poucas dezenas de votos, uma maior ou menor taxa de abstenção tem uma influência decisiva na eleição do presidente de Câmara.
Texto: Alentejo Ilustrado | Fotografia: Arquivo/D.R.











