O espaço encerrou a 01 de agosto, depois de uma ação de fiscalização da Inspeção-Geral das Atividades Culturais (IGAC). A remodelação implica, pelo menos, a renovação do piso, de cerca de 200 cadeiras e do sistema de alarme.
Segundo o exibidor Mário Barradas, estão a ser pedidos orçamentos para a obra, mas não é certo quando a sala reabrirá nem se continuará dedicada ao cinema ou a outra atividade. “As coisas são todas muito caras, uma pessoa fica desanimada e mete as mãos à cabeça”, lamenta.
A IGAC explicou que, na inspeção periódica, foram identificados “aspetos que importa corrigir e melhorar” e que a sala permanecerá encerrada ao público “até ao efetivo suprimento das deficiências e inconformidades identificadas” e após nova vistoria.
A sala é propriedade do Hotel Melius, com o qual Mário Barradas tem um contrato de exploração cinematográfica válido por mais sete anos. Até agora, a administração do hotel não revelou prazos, nem o tipo de intervenção previsto, nem os planos futuros de utilização do espaço.
De acordo com o Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA), o Melius Beja era a única sala privada de exibição regular no distrito. Em 2024, recebeu apenas 629 espectadores em 47 sessões, com “Mufasa: O Rei Leão” a liderar as bilheteiras (263 entradas). Já em 2025, até 01 de setembro, registou 1.529 espectadores em 170 sessões, sendo “Um Filme Minecraft” o mais visto (155 entradas).
“O cinema como está, está morto. Tirando três ou quatro filmes por ano, o ‘Avatar’ e os desenhos animados, de resto não vai ninguém. O cinema português tem meia dúzia de pessoas, mas isso não fatura. O que fatura é o americano e meia dúzia de filmes”, diz Mário Barradas.
Com o encerramento do Melius Beja, a exibição cinematográfica na capital de distrito fica assegurada apenas pelo Teatro Municipal Pax Julia, de gestão autárquica, cuja programação inclui também teatro e música. Em 2024, as 27 sessões de cinema aí realizadas somaram 1.411 espectadores. Este ano, até agosto, foram 14 sessões com 1.519 entradas.
Dos 14 concelhos do Baixo Alentejo, apenas oito reportaram dados informatizados de bilheteira em 2025 ao ICA: Almodôvar, Beja, Castro Verde, Cuba, Ferreira do Alentejo, Mértola, Odemira e Ourique. Tal significa que pode ter havido exibição de cinema noutros concelhos, mas sem comunicação oficial.
Entre janeiro e agosto, 12.852 espectadores assistiram a sessões de cinema em auditórios e centros culturais de gestão municipal nos concelhos com dados reportados.
O distrito de Beja apresenta um dos mais baixos índices de idas ao cinema do país. Em 2024, somou 11.920 espectadores, o que correspondeu a um rácio de 0,1 admissões por habitante e cerca de 30.800 euros de receita de bilheteira.
Texto: Alentejo Ilustrado/Lusa | Fotografia: D.R.











