“É um dia muito especial para todo o Alto Alentejo e, principalmente, para a nossa comunidade intermunicipal. É a prova da materialização de um projeto e de um investimento desejado há décadas e, felizmente, hoje estamos aqui a registar esse momento importante. Esta é uma obra que consideramos que será transformadora deste território”, afirmou o presidente da Comunidade Intermunicipal (CIM) do Alto Alentejo, Hugo Hilário, durante a visita aos trabalhos iniciais.
De acordo com o responsável, quando concluída, a barragem garantirá mais de “60% do consumo de energia” do Alto Alentejo e permitirá desenvolver setores como o abastecimento público de água, o regadio, o turismo e a introdução de novas culturas.
“Se há territórios que necessitam de investimentos transformadores, o nosso indiscutivelmente que é um deles. Este também, na minha opinião, será um passo importantíssimo para que venham outros e para que todos perceberam que, para além de direito, temos capacidade para os colocar no terreno. O Pisão será certamente o primeiro grande investimento deste distrito, mas virão muitos outros”, acrescentou.
O projeto, que transitou do Plano de Recuperação e Resiliência para o Orçamento do Estado em março deste ano, viu o investimento aumentar de 151 para 222 milhões de euros. A obra tem um prazo de execução de 910 dias, devendo estar concluída em 2027.
“Neste momento, é a obra de maior monta liderada por uma comunidade intermunicipal. […] Tem sido um processo difícil, um processo administrativamente complexo, que nos tem obviamente dado a todos muito trabalho, mas que também demonstra que […] a união, a unanimidade, a concertação entre os 15 municípios do Alto Alentejo foi, não direi o segredo, mas a chave mestra para que tudo isto pudesse acontecer”, sublinhou ainda Hugo Hilário.
Também o presidente da Câmara do Crato, Joaquim Diogo [na fotografia principal, com o secretário de Estado do Planeamento], destacou o simbolismo do arranque, após “mais de 60 anos” de espera. “É a viragem de um paradigma quer em termos agrícolas, quer da pecuária. É uma esperança também em termos energéticos para este território e é também um impulso para a região em termos daquilo que é um investimento de cerca de 220 milhões de euros. É o maior investimento de sempre no Alto Alentejo.”
O autarca frisou que “todos os municípios” poderão beneficiar da barragem, com oito concelhos a serem diretamente abrangidos no abastecimento público e os restantes indiretamente, através da transferência da água do Tejo para outras albufeiras. “Depois, [há] também a componente energética e agrícola e pecuária”, acrescentou, antevendo que nos próximos anos exista na região “um grande ‘boom’ e uma oportunidade financeira, económica e também de emprego” a consolidar no futuro.
Já o secretário de Estado do Planeamento e Desenvolvimento Regional, Hélder Reis, que marcou presença no arranque da empreitada, classificou a barragem como “estruturante e estrutural”. “Irá, naquilo que são as nossas perceções, alterar a configuração desta região que é o Alto Alentejo. É uma das obras mais importantes que alguma vez foi feita no Alto Alentejo, é uma das obras que a população anseia há muitas décadas”, afirmou.

Texto: Alentejo Ilustrado/Lusa | Fotografias: Nuno Veiga/Lusa











